domingo, 25 de abril de 2010

YOGA E CRESCIMENTO ESPIRITUAL


"Para o yoguim há dentro de nós dois
eixos paralelos de atividade mental. Um eixo
Lunar, de sabedoria, que une nosso corpo
diretamente ao centro espiritual que nos dá
sustentação como indivíduo. E um eixo Solar
que une nosso centro emocional à nossa razão,
e que dá sustentação à nossa consciência. Esses
dois eixos sustentam as duas modalidades
de inteligência que orientam a atenção de nossa mente, 
ora para a busca do entendimento,
ora para a busca da realização. O perfeito equilíbrio
entre as forças que são acionadas por esses
dois eixos da atividade mental desperta
aquilo que chamaríamos de inteligência corporal
– ou seja, a corporificação da inteligência
cósmica ou divina.
O eixo solar se desenvolve intensamente
durante a nossa infância e adolescência,
quando adquirimos consciência e uma identidade
coletiva para mostrar ao mundo. Suas
lentas transformações estimuladas pelo intercâmbio
que estabelecemos com outras pessoas,
deveriam induzir o desenvolvimento do
eixo lunar, que promove a integração de nossa
vida material à nossa natureza espiritual. Isso,
no entanto, não está ocorrendo a contento no
estágio atual da evolução humana. Nós paramos
na fase da adolescência e resistimos aos
impulsos interiores para a concretização de
nosso caráter espiritual. Ficamos girando em
círculos intermináveis de argumentos baseados
em nossa percepção consciente do mundo.
Os dois eixos que deveriam operar de
maneira cooperativa, competem entre si em
busca da nossa atenção, o que acaba por impedir
a conclusão do processo que nos levaria
àquilo que chamamos de iluminação espiritual.
Um canal filamentoso (que o indiano chama
de antahkarana – agente interno) deveria
se consolidar entre o centro espiritual (citta) e
o corpo, trazendo para nossa vida um intenso
fluxo de sabedoria e santificando o nosso corpo,
como um verdadeiro batismo. Dessa maneira
nossa verdadeira identidade espiritual
encontraria um perfeito veículo material para
sua manifestação – condição que talvez possa
ser recuperada pela humanidade futura.
Mas se as forças transformadoras da
evolução das formas (parinama) ainda não nos
colocam nessa condição iluminada, o que nos
resta é tentar complementar por esforço individual
o nosso próprio ciclo de amadurecimento.
Através de práticas especiais, podemos alcançar
estágios ideais da humanidade e nos
transformar em indutores de processos semelhantes
em tantos outros indivíduos que compartilham
de nossas mesmas aspirações espirituais.
O Yoga é uma prática que permite realizar
agora os avanços que imaginamos para
os homens de um futuro ainda distante.
A prática correta do Yoga produz em
nossa mente o surgimento da inteligência corporal,
e transforma a nossa vida material numa
metáfora da própria criação e dos desígnios do
universo. Com isso se extingue a possibilidade
do erro, da dor, e da impermanência nas
atividades de nossa mente. A iluminação de
nossa consciência pela realização do Yoga nos
traz para perto de nossa fonte espiritual e nos
faz sentir a perfeita integração com Deus, com
a Humanidade e com todas as forças da Natureza".
Os Yogasutras de Patañjali
Traduzidos do sânscrito e comentados
por Carlos Eduardo G. Barbosa
Primeira Edição
São Paulo,

http://www.yogaforum.org/books/port/yoga/Yogasutras.pdf 

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