quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Yoga com Bola - Yoga São Caetano do Sul

Olá gente! Essa aí embaixo sou eu. Venha conhecer nosso espaço.

Saudação ao Sol - Venha praticar com a gente - Yoga São Caetano do Sul

BHUTA SHUDDHI: PRÁTICA PARA SUBLIMAR O CIÚME - Yoga São Caetano do Sul

BHUTA SHUDDHI: PRÁTICA PARA SUBLIMAR O CIÚME
Por Pedro Kupfer
O ciúme e a inveja se relacionam com a possessividade. O praticante de Yoga deve ter especial cuidado em evitar a possessividade e outras formas de apego negativo. Em relação ao ciúme no casal, cada um deve achar elementos para sublimar o apego excessivo.

  • Kriya: kapalabhati.
  • Asanas: trikonasana, flexão lateral em pé; padahastasana, flexão frontal em pé; paschimottanasana, flexão sentado; vajrolyasana, elevar as pernas e o tronco sentado no chão; bhujangasana, extensão deitado de bruços e shirshasana, inversão sobre a cabeça.
  • Yoganidra: mentalização para transformar esta emoção em seu oposto: amor desinteressado, desapego e afeição.
  • Pranayama: antar kumbhaka bandha, e nadi shodhana pranayama, respirações completa e alternada.
  • Mantra: japa com o bija mantra Ram, do manipura chakra, onde se concentra essa emoção.
  • Meditação: concentração ou meditação sobre o manipura chakra, no umbigo, um vórtice de energia de cor vermelho-alaranjada rodeado por dez pétalas cinza, dentro das quais refulge um triângulo invertido.
Outros procedimentos:
  • Fazer a respiração completa e profunda no momento em que a emoção estiver mais intensa, mantendo o controle sobre os impulsos hostis.
  • Dominar o momento de maior exaltação: se você conseguir conter o primeiro impulso, verá que fica mais fácil expor suas razões de forma objetiva e serena.
  • Ao mesmo tempo, não deixar de falar a verdade, desde que a palavra não seja usada para ferir ('estou falando pelo seu próprio bem').
  • Evitar responder à ação. Ao invés disso, tentar responder à pessoa como um todo.
  • Cultivar a não possessividade (aparigraha), o estudo de si próprio (svadhyaya) e o contentamento (santosha).
  • Praticar Karma Yoga, realizando ações que não busquem produzir frutos para si mesmo, mas para os demais.
Extraído do livro Guia de Meditação.

vídeo sobre Kapala http://www.youtube.com/watch?v=itZp-2IsoE4&feature=related

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domingo, 8 de agosto de 2010

Vedanta e a vida cotidiana - Yoga em São Caetano do Sul


O Veda, dividido em quatro partes chamadas de Rk, Sama, Yajur e Atharva, é um corpo de conhecimento que trata dos desejos e buscas do ser humano. Estes, que são chamados de purusharthas (os objetivos, artha, do ser humano, purusha), são quatro — dharma, o correto agir; artha, a segurança; kama, o prazer; e moksha, a libertação do sentimento de limitação e carência.

O conhecimento contido na parte final de cada divisão do Veda que está na forma de um diálogo entre um professor e um aluno é chamado de Vedanta. Vedanta trata especificamente deste último desejo, moksha. Ensina sobre o que é o sujeito, analisa o significado da palavra “eu”, o Ser que permanece o mesmo, imutável desde a infância, a juventude, a velhice e a morte, e cuja natureza é Consciência sempre existente e Plenitude, livre de qualquer forma de limitação, a plena satisfação ou contentamento.

Este ensinamento deve ser entendido, apreciado, e para isso são necessários uma mente preparada com maturidade emocional, capacidade de questionamento e desapego. A ausência das qualificações essenciais da mente incapacita a pessoa a adquirir, e principalmente a reter, o entendimento da natureza absoluta de si mesmo. Assim, junto com o estudo de Vedanta, existe uma vida de Yoga. Por essa razão, Vedanta e Yoga estão associados e caminham juntos.

Isso fica muito claro na Bhagavad Gita, no diálogo entre o mestre Krsna e o discípulo Arjuna. Krsna ensina a Arjuna sobre o conhecimento de Brahman, o absoluto, e karmayoga como a arte de agir com desapego.

O processo para a aquisição do autoconhecimento é o estudar, o refletir e o contemplar sobre o que foi escutado. Para isso, a pessoa que deseja esse conhecimento, chamada de jijnasu, deve encontrar alguém que lhe ensine, um professor ou professora que tenha passado também por esse processo de estudo. O estudo requer dedicação e constância, mas não necessariamente um afastamento da sociedade e da família. Como Arjuna, a pessoa pode continuar a cumprir suas obrigações sociais, profissionais, familiares e estudar, ou, como os estudantes que vemos nas Upanishads (os textos dos antigos Vedas), podem renunciar à vida profissional e de casado e dedicar-se exclusivamente ao estudo e posteriormente ao ensino em um gurukulam, uma escola onde vivem o professor e os alunos.

O estudo revela um conhecimento do eu diferente do entendimento comum de si mesmo, que é parcial, com referência ao corpo, à mente e ao intelecto e suas qualidades. O estudo de Vedanta elimina a ignorância do eu fundamental e liberta a pessoa da sensação de limitação e mortalidade. Porém, para lidar com a mente, os Vedas indicam uma vida de Yoga, instrumento para alcançar tranquilidade e uma mente que governe a si mesma, livre de reações mecânicas e pontos cegos. Assim, o Yoga torna-se o meio indireto para a libertação, ou moksha. O meio direto é o conhecimento, assim como o fogo é o meio direto para cozinhar, e as panelas são o meio indireto. E não há alternativa para o meio direto; para o indireto, há escolha possível, dependendo de cada caso. Também para eliminar a ignorância relativa a si mesmo é imprescindível a aquisição de conhecimento, o meio direto; para a capacitação da pessoa há escolhas e este será o meio indireto.

O Yoga compreende uma vida meditativa e uma atitude específica frente à ação e seus resultados; Ashtanga, ensinado pelo mestre Patañjali, como os oito passos para o samadhi, também faz parte.

Ação e reação

Viver uma vida com Vedanta significa estudar, meditar e fazer o que cabe à pessoa dentro de seus papéis como pai, mãe, filho, chefe, empregado, amigo, marido ou esposa, namorado ou namorada, com uma atitude diferente do que é mais comum. As várias situações da vida trazem circunstâncias desejáveis e indesejáveis. É fácil lidar com os momentos agradáveis, mas os problemas começam quando as situações que ocorrem não são de nosso agrado, não são como pensamos que seriam. Nesses momentos é comum a pessoa reagir com irritação, raiva e agressão verbal. Essas ações são chamadas de reações, pois acontecem independentemente da escolha da pessoa. Em determinado momento em que alguém, por exemplo, nos diz algo contra nós ou nossa opinião, imediatamente respondemos com irritação ou nos fechamos, nos sentindo rejeitados e insignificantes. Ambas as respostas são reações, pois não houve um movimento da vontade anterior à resposta. Em oposição a isso, quando alguém diz o que pensa e/ou sente, sem acusar ou agredir o outro, é uma ação.

Reações são automáticas, mecânicas e inconscientes; são formas de agir dentro de um padrão já estabelecido, pela pessoa ou por seus familiares, que se repetem infinitas vezes, até que haja uma reflexão e uma mudança deliberada.

Não é fácil modificar padrões de comportamento, principalmente quando são muito antigos, até mesmo nascidos na infância, do exemplo da conduta de familiares.

Quanto mais nos identificamos com nossa forma de agir, mais difícil é a mudança. Muitas vezes a própria identidade é construída a partir de padrões reativos de comportamento, como se constituíssem a pessoa de tal forma que fosse impossível continuar vivo sem esses padrões.

Por meio do ensinamento de Vedanta, a pessoa se vê como é, livre da mente e de seus padrões de comportamento. Por meio da meditação descobre a paz, o silêncio e a satisfação, como sua natureza essencial. Torna-se então possível analisar os padrões de reação, pois sei que existo sem eles. Será possível perceber o padrão indesejável e estar atento para não repeti-lo. Sem fugir das situações diárias que a vida e nossos muitos papéis nos trazem, sem deixar de agir, pois é necessário interagir no mundo, dar nossa contribuição, pois também recebemos muito.

Krishna diz a Arjuna, nos versos 10 e 11 do capítulo 3 da Bhagavad Gita, que o Universo foi criado para funcionar com a atitude de yajna, de contribuir. Ao contribuir, cada um com sua parte, ao mesmo tempo em que recebe tanto do Universo, o Vedantin ou o yogin faz diferença por causa de sua atitude. A pessoa comum, o samsarin, que interage no mundo com seus altos e baixos e reage quando as situações não são de seu gosto, somente reage. O Vedantin, dedicado ao estudo de Vedanta, que é também um yogin, age deliberadamente, ou mesmo que nem sempre consiga, tem o agir como objetivo. Dentro de uma relação pessoal, deseja notar, e ser suavemente alertado, quando está reagindo para poder modificar sua ação. Essa atitude por detrás da ação faz toda a diferença. É a atitude de que não se quer reagir, mas reconhecer e entender os padrões de reação para se libertar deles e agir da melhor maneira possível em cada momento. Agir conforme seu dharma, seu papel, seguindo os valores universais de respeito ao outro conforme gostaria de ser respeitado pelo outro, e com a atitude de não reação.

Mas por que não reagir? O que ocorre conosco muitas vezes não é injusto? Sentimos que não é aquilo para o qual batalhamos tanto e durante tanto tempo! Muitas vezes parece que alguém se colocou entre mim e meu desejo. Muitos diriam que não reagir é não ter sentimentos e uma vida assim não tem graça!

“Não reagir” não quer dizer não responder à situação, mas responder de uma forma mais efetiva e deliberada, é ter a capacidade de gerenciar a si mesmo, sua mente e, portanto, a situação; poder escolher o que fará, como e quando.

O Universo de Ishvara

Essa visão exige a compreensão da visão de Vedanta de que existe uma ordem no Universo que não falha nunca. Percebemos que existem leis da física que governam o movimento dos corpos no espaço. Existem leis psicológicas que governam a mente e as emoções, leis que governam o movimento dos planetas, dos ventos, da chuva e tantas outras. Existe, sem dúvida, uma ordem cósmica que governa e mantém em ordem todas as outras ordens. Assim também existem as leis que governam as ações e seus resultados. Tudo no Universo parece ser muito bem desenhado, os seres humanos, animais e outros seres vivos são capacitados desde o nascimento para sobreviverem em seu ambiente nativo. Para esta criação tão bem planejada, deve haver um criador que possui conhecimento de toda a criação e poder para sua manifestação.

Para um objeto que é criado, devem existir duas causas — a causa material e a causa inteligente —, como para a criação de um pote de barro. Temos o oleiro, que tem conhecimento e poder para criar o pote, e o barro, o material do qual o pote é feito. No caso do pote, as duas causas são separadas; no caso do Universo, os Vedas nos dizem que o criador precisa do material, mas este não é separado do criador. Como em nosso sonho, em que somos o sonhador, o próprio material do sonho e o sonho, o Universo se manifesta do criador, Ishvara, que é tanto a causa inteligente como a material do Universo. E assim como o objeto não é separado de sua causa material, o Universo não é separado de Ishvara. Todos os objetos, corpos, mentes, sentidos e as leis que governam seus movimentos pertencem ao corpo de Ishvara.

Assim sendo, quando o resultado de minhas ações vem para mim, sei que vem de Ishvara e recebo como um presente ou prasada. Com esse entendimento, a atitude da pessoa muda. Em vez de se ver injustiçada e infeliz e reagir, a pessoa percebe que o resultado da ação veio adequadamente, conforme leis que governam as ações e seus resultados. Tenho uma percepção de que é adequado e uma atitude de receber bem o que veio para mim, o que não me proíbe de executar outra ação, se necessário for, para então conseguir o que quero. Recebo sem reagir. A atitude que me faz receber bem o que vem está sedimentada no conhecimento de Vedanta. A atitude chama-se Karma Yoga; é o instrumento que fará com que a mente dessa pessoa torne-se objetiva, eficiente e tranquila, capaz de lidar com todas as situações com equilíbrio e eficiência. Somente uma pessoa com esse tipo de mente poderá sentar e estudar sobre atman, o sujeito livre de papéis que é ele mesmo, completo e satisfeito em qualquer situação. Este é o objetivo mais alto da vida, parama-purushartha moksha, e o meio para alcançá-lo chama-se Vedanta e Yoga, mais especificamente Karma Yoga.



Por Glória Arieira

BHUTA SHUDDHI: PRÁTICA PARA SUBLIMAR O MEDO - Yoga São Caetano do Sul


Por Pedro Kupfer
Todos temos, em maior ou menor grau, alguma forma de medo: de enfrentar certas situações, de dizer a verdade a quem precisa ouvi-la, de mudanças, temor do desconhecido ou ainda eventuais momentos de angústia ou pânico. O medo é a antítese do amor, no sentido que há uma necessidade de voltar-se para o interior, fechar-se sobre si mesmo a causa da fragilidade que o indivíduo sente. O amor é centrífugo, emana desde o interior. Quem vibra amor não precisa proteger-se nem fechar-se, pois ele é a solução contra os estados negativos.
Cada vez que fugimos dos nossos medos ? ou emoções correlatas: receio, pavor, sobressalto e apreensão ? eles se reforçam. Como podemos dominar o medo? Geralmente o somatizamos na região abdominal e no plexo solar, precisamente onde vão agir as técnicas do Yoga. Através do efeito das visualizações, respiratórios, contrações e asanas, criaremos uma nova memória corporal com a qual estaremos em condições de sublimar a desordem emocional em questão.
  • Kriya: cinco ciclos de uddiyana bandha, a contração abdominal, alternados com outros tantos de bhastrika, a respiração do sopro rápido.
  • Asanas: padangushthasana, equilíbrio nas pontas dos pés sentado sobre os calcanhares; janushirshasana, flexão sentado sobre uma perna de cada vez, segurando os tornozelos com as mãos; bhadrasana, abertura pélvica sentado com as plantas unidas; gomukhasana, segurando as mãos atrás das costas, com um braço por cima e o outro por baixo; sarvangasana e matsyasana, a invertida sobre os ombros e sua compensação. Faça cada exercício acompanhado de mula bandha, contração dos esfíncteres.
  • Yoganidra: mentalização para sublimar e transformar essa emoção em seu oposto: confiança, segurança, e firmeza de ânimo.
  • Pranayama: bahya kumbhaka com mula bandha, respiração com retenção vazia e contração dos esfíncteres.
  • Mantra: japa com os bija mantras Vam e Ram, centros de força onde se localiza essa emoção.
  • Meditação: a mais adequada é no svadhishthana chakra, na cor branca, localizado quatro dedos abaixo do umbigo.
Outros procedimentos:
  • Praticar um dos respiratórios acima no próprio momento em que a emoção estiver manifestando-se.
  • Traçar o perfil do nosso samskara e identificar as vasanas que possam estar condicionando-nos a sentir medo ou a agir de acordo com um determinado padrão.
  • Cultivar tapas, autodomínio, svadhyaya, a observação atenta de si mesmo, e Ishvara pranidhana, que é permitir que a força da vida se manifeste através de nós mesmos.

ASHTAANGA YOGA MANTRAM E SEU SIGNIFICADO PROFUNDO - Yoga São Caetano do Sul

Om vande gurunam charanaravinde
sandarshita svatma sukhava bodhe
nih shreyase jañgalikayamane
samsara halahala mohashantyai

abahu purushakaram
shankhachakrasi dharinam
sahasra shirasam svetam
pranamami patañjalim Om

Tradução:
Saúdo os pés de lótus dos mestres, que revelam o autoconhecimento, que me fazem realizar a verdade que é a plenitude final; evitando o feitiço, como o curandeiro da selva, [o autoconhecimento] aquieta a ilusão que vem do veneno do ciclo de encarnações.
Reverencio Patañjali que tem a forma humana até a cintura (o resto tem a forma de uma cobra), (com suas quatro mãos) segura uma concha, um disco e uma espada (com a quarta ele faz o gesto de ausência de medo), tem mil cabeças e cor clara.

Introdução:
Quando o mantra é entoado se pratica uma ação mental pedindo algo ou reconhecendo algo, trazendo, portanto, resultado. Como a intenção é um fator importante na ação, sem o conhecimento do significado, neste caso, não tem como este quesito estar presente. Também existem, tradicionalmente, pessoas que cantam mantra-s para memorização, desconhecendo seus significados, com a intenção de preservação dos textos de geração para geração.
Este canto e o praticado nas aulas de Iyengar Yoga são as invocações que se fazem anteriormente ao estudo dos Sutras de Patañjali. Cantados nas práticas de Hatha Yoga, honram o conhecimento advindo do estudo e vinculam a disciplina à sua parte filosófica, por assim dizer, apoiada nos sutras.
É importante salientar que a tradução do sânscrito envolve uma compreensão de todo o verso e uma interpretação, caso contrário pode ficar ininteligível ao leigo. Além, uma mesma palavra em sânscrito possui diversos significados. Alguns tradutores optam por completar as palavras literais, porém sem perder o sentido da frase.

Do mantra:
É um mantra devocional, de agradecimento e entrega aos Mestres. Faz referência à flor de lótus pura e intocada. As pétalas de sua flor possuem um óleo que as protege do toque da água. O lótus nasce no lodo, seu caule atravessa toda a água e, por fim, a flor desabrocha na superfície. Da mesma forma o conhecimento permanece intocado mesmo que viva no meio, digamos, mundano.
Através do conhecimento transmitido pelo guru o discípulo fica livre da ilusão do samsaara. A ilusão nada mais é do que a realidade relativa em que vivemos e para a qual atribuímos ser absoluta. Só a tradição de ensinamento mestre-discípulo sem opiniões pessoais e com fidelidade única (pura) pode revelar ao discípulo todo o conhecimento necessário para ser livre de condicionamentos. O samsaara, nos trazendo uma falsa identificação de quem somos, é chamado de veneno que intoxica a mente com sofrimento. Só a eliminação deste veneno (ilusão), através do antídoto (ensinamento) é que se alcança a plenitude (pode ser compreendida, inicialmente, por felicidade).
O mantra deixa claro que não são as práticas físicas que causam a libertação. Aaasana-s, praanaayaama-s, meditações, etc., são suportes para que o corpo tenha saúde e a mente tenha foco e concentração. A doença é uma causa de fracasso para o yogi e é apontada por Patañjali como um dos nove obstáculos ao autoconhecimento. Tanto que as séries de aasana-s do Ashtaanga Vinyasa são chamadas de cikitsa (terapêutica), ou seja, possuem objetivo enunciado e pré-determinado.
Independente de quantos aasana-s fizer ou qual postura conseguir elaborar, aasana é só aasana e com finalidade específica. O mesmo se diz de todas as demais técnicas do Hatha Yoga, como drshti-s, shatkarma-s, etc.
No segundo verso são indicados os símbolos do poder e habilidade do guru para que a ignorância de si mesmo, pertencente ao discípulo, seja destruída. Os naga-s, seres divinos metade homem metade serpente, são representações comuns no hinduísmo. A serpente é o símbolo da vida, infinita e atemporal, que sustenta todo o universo. As mil cabeças indicam que todas as direções do universo são observadas e que Patañjali é um avataara (encarnação) do deus serpente Ananta. Este, desejoso por ensinar o Yoga ao mundo, manifestou-se na forma do sábio nas palmas das mãos de uma yoginii. A cor clara remete à luz do conhecimento.
As quatro mãos sustentam uma concha, um disco e uma espada. A mão que não é mencionada é a que sempre está em abhayamudraa (gesto para dissipar o medo) em todas as divindades. É o gesto onde a mão é apontada para cima, mostrando-se a palma ao discípulo, significando “não tema”.
A concha é a representação dos cinco elementos da prakrti (matéria) que são terra, água, fogo, ar e espaço. Quando soprada, a concha produz o som do Absoluto que, segundo os Veda-s, deu origem ao universo, o pranava, o Om.
O disco é uma arma tradicional nas deidades e é uma arma utilizada para destruir as ações inapropriadas, o adharma. Esta destruição vem através da pratica dos yama-s e niyama-s, normas de condutas éticas e disciplinas de estudo e purificação. Também, como todo círculo, representa o infinito, sem início nem fim. É a indicação de que o mundo foi, é, e será sempre permeado por ações apropriadas e inapropriadas enquanto o autoconhecimento não for realizado pelo discípulo.
A espada, ligada ao conhecimento e à discriminação, é utilizada para cortar a cabeça do “demônio da ignorância” e trazer a luz para a escuridão. No hinduísmo, as características do universo são representadas por deidades ou demônios. Estes nada mais são do que os que agem pelo adharma, pelo ego, levados pelos desejos e pela confusão quanto à sua própria natureza.
Assim, devemos cantar o mantra com o significado em mente, para que a luz do conhecimento termine por revelar o que já somos, entendendo que nada há que ser produzido por qualquer tipo de ação. Nossa natureza é plenitude ilimitada. Sofremos por acreditar que somos o limitado, pois nos sentimos dessa maneira. Só o guru, liberado do samsaara, é capaz de revelar nossa identidade com o Todo.
Om Shri Gurubhyo namah!

Decifrando o Guerreiro - Yoga São Caetano do Sul

Por Humberto MeneghinEste é o segundo de uma série de três textos que tem como objetivo desvendar os detalhes do virabhadrásana, a postura do guerreiro. Independentemente de ter ou não executado a outras duas variações, o praticante pode fazer o virabhadrásana II. Para compor este ásana destacamos as ações relativas ao posicionamento e alinhamento de pés, pernas, joelhos, quadris, braços, cabeça e tronco.

 
PÉS E PERNAS.
Ao se colocar em Virabhadrásana II, o praticante pode alinhar os calcanhares entre si e elevar os arcos dos pés. O pé de trás irá girar para frente e formar um ângulo de 45 graus em relação ao pé que está à frente.  Por sua vez, este mesmo pé, que está à frente, se encontra na linha da perna flexionada, ao passo que a coxa da perna que o acompanha permanece paralela ao solo.
No entanto, em relação ao correto posicionamento das pernas, vale lembrar a mesma recomendação adotada na construção do Virabhadrásana I e do Trikonasana, qual seja: as pessoas cujas pernas são mais compridas, usando o bom senso, precisam separar mais os pés, ao passo que as pessoas de menor estatura devem aproximá-los.
Ainda, em relação à posição dos pés e considerando a mobilidade do quadril de cada praticante, há quatro opções para o praticante investigar o ângulo entre os pés para melhor se estabilizar no ásana. Quais sejam:
1) ambos os calcanhares podem estar na mesma linha, ou
2) o calcanhar do pé da frente pode ficar alinhado com o arco do pé de trás, ou
3) o calcanhar do pé da frente pode ficar alinhado com o dedo maior do pé de trás, ou ainda
4) o calcanhar do pé da frente pode ficar aberto em relação ao pé de trás (i.e., se o pé da frente for o direito, a planta desse pé fica mais para a direita).

JOELHOS E QUADRIL.
Examinando o Guerreiro II nos quesitos joelhos e quadril, notamos que a base desta postura é aberta e similar à do parsvakonásana. O joelho da perna da frente fica flexionado, no entanto, o praticante deve observar as mesmas indicações adotadas no Guerreiro I, ou seja, joelho da perna da frente deve estar confortavelmente flexionado e corretamente alinhado ao calcanhar da mesma perna.
Uma dica é visualizar uma linha imaginária descendo pelo meio do joelho até o espaço entre o primeiro e segundo dedos do pé que está à frente. No entanto, deve o praticante evitar pender a perna e o joelho da frente tanto para o lado de dentro quanto para o lado de fora, pois irá criar uma compressão desnecessária nas articulações sacroilíacas e na região lombar. Por sua vez, o quadril permanece alinhado com ambas as pernas e paralelo ao chão.

BRACOS, CABEÇA E TRONCO.
Em relação aos braços, ao iniciar a posição, o praticante deve relaxar os ombros, os músculos do dorso e as escápulas, enquanto os estende paralelos ao chão. Em seguida, volta as palmas para cima e respira por algumas vezes, para depois virá-las para baixo.
A cabeça se volta em direção à mão que está à frente. Os olhos se fecham e o praticante irá, em um primeiro momento, abrir o olho do lado oposto ao braço estendido a sua frente e focalizar o dedo médio dessa mão e, depois, irá abrir o outro olho. Esta ação tem por finalidade ajudar o praticante a se concentrar na composição do ásana.
Uma vez que tronco se mantém na posição vertical, o esterno se eleva à frente e o pescoço, se alonga e se mantém relaxado. Os ombros, por sua vez, ficam para trás, para baixo e abertos, enquanto as axilas estão afastadas entre si.
Por fim, os bandhas surgem na base do tronco, ao mesmo tempo em que a coluna também está verticalizada e o cóccix aponta para baixo. E, em posição neutra, o praticante se entrega às sensações que sente na região do coração, até que esteja pronto para executa-lo do outro lado. Harih Om!