sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Seja grande - Yoga - ioga São Caetano do Sul

"Então, seja corajoso e lembre-se sempre de que, se acreditar verdadeiramente que está destinado a grandeza, as oportunidades de alcança-la aparecerão em seu caminho. Quando procurar deliberadamente por oprtunidades para crescer na vida, elas aparecerão.Aproveite-as ao máximo. Quando o fizer, estará no caminho da grandeza que tanto deseja e merece. Encontre sua paixão e os milagres irão ocorrer em sua vida."

Um homem que encontra o trabalho que nasceu para fazer está destinado a se tornar rei de algo - Thomas Carlyle

Dr. Daniel T. Drubin Livre-se dos Abacaxis

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Lei da Doação

"Dê um presente em todo lugar que for, a todos que encontrar, esse presente pode ser um cumprimento, um aceno, uma flor, uma prece. Ofereça sempre alguma coisa para as pessoas com as quais entrar em contato. Estará assim desencadeado oprocesso de circulação de energia, prosperidade, alegria na sua vida e na de outras pessoas. Agradeça as dádivas que a vida lhe oferece e esteja aberto a receber. Deseje em silêncio felicidade e muita alegria toda vez que encontar alguém."

Lei da Potencialidade Pura - Yoga Ioga São Caetano do Sul

Lei da Potencialidade Pura

Reserve um momento do dia para ficar em silêncio, para apenas ser. Para contemplar a Natureza. Pratique o não julgamento. Comece o dia dizendo hoje eu não julgarei nada nem ninguém e lembre-se disso o dia todo.

Causa e Efeito - Yoga São Caetano do Sul

"Somos a causa de muitos efeitos. Não existe almoço grátis. Se queremos resultados melhores, devemos gerar causas melhores. Escolhemos consciente ou inconsciente como canalizamos a energia do Universo. Devemos colocar Luz em nossas vidas, tomar atitudes de forma consciente, devemos ser proativos e não reativos aos eventos e circunstâncias."

Dinheiro e Luz - Yoga São Caetano do Sul

"Em relação ao dinheiro, nunca somos donos, somos só gerentes. O dono é a Luz, é Deus, quanto melhor eu gerenciar o meu dinheiro, mais confiança o dono terá em mim. O dinheiro é uma energia. Quando você oferece um produto ou serviço está oferecendo energia, e quem quer isso deve trocar algo por essa energia. Muitas vezes, isso é simbolizado pelo papel moeda. Tudo é sagrado, não devemos ter vergonha, medo ou receio do dinheiro. Devemos ter uma boa relação com ele."

Ensinamentos da Cabala

domingo, 7 de novembro de 2010

Prioridades - Yoga Ioga São Caetano do Sul


"Priorizar seus desejos permite focalizar a energia naquilo que é mais importante e jogar os assuntos menos importantes para escanteio"

Daniel T. Drubin

Acontecimentos - Yoga Ioga São Caetano do Sul

"As melhores coisas acontecem com aqueles que aproveitam a maneira como elas acontecem"

Julgamento e o Traço de Vida - Yoga ioga São Caetano do Sul

" As pessoas felizes tendem a ser gratas pelo que têm e a não julgar os outros. Ser mais agradecido e decidir tirar o manto do julgamento são decisões que você pode tomar agora. Tome-as. Os superadores de barreiras sabem que julgar os outros  prejudica a si mesmo e a qualidade do próprio traço (período entre nascimento e morte) mais do que qualquer outra coisa. Então desista de julgar e decida ser feliz"

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Descubra seu Dosha - Yoga Ioga São Caetano do Sul

 QUESTIONÁRIO
O teste abaixo lhe ajudará a descobrir seu biotipo, mas ele é apenas um instrumento. Mais importante do que o resultado do teste é o que sua observação poderá lhe ensinar sobre si mesmo. Fique atento ao seu comportamento, ao seu metabolismo, às suas reações emocionais, pois o Sistema Ayurvêdico de Saúde funciona melhor quando aliado ao auto-conhecimento.
Ao responder o teste, é importante que você seja o mais sincero possível. Nenhum dos três biotipos é melhor que o outro. Se você ficar em dúvida sobre suas características físicas ou emocionais, pergunte a alguém que conviva com você. As respostas devem estar baseadas na forma como você tem sido ao longo de sua vida e não em como você é e se comporta nesse momento.
Para cada item abaixo, marque as características que mais combinam com você. Se você ficar em dúvida entre duas colunas, marque aquela que possui mais qualidades em comum com as suas ou a que tiver características que você considera mais marcantes. Some os pontos para cada coluna e descubra seu biotipo. Se obteve resultados semelhantes em duas ou nas três colunas, é provável que você seja um tipo misto. Considere o biotipo com mais pontos como o seu biotipo básico, mas mantenha em mente as características e recomendações para o segundo biotipo.
fonte: Aruna Yoga
ALTURA
alto ou bem miúdo
média
normalmente baixo, mas pode ser alto e grande
ESTATURA
frágil, miúda e com ossos aparentes
moderada, atlética, músculos aparentes
grande, bem desenvolvida, compacta
PESO
magro, difícil engordar
moderado, ganha peso uniformemente
pesado, difícil perder peso, tende à obesidade
COR DA PELE
escura, sem brilho
corada, lustrosa
pálida, clara
TEXTURA DA PELE
seca, fina, áspera
quente, oleosa, com sardas
fria, úmida, resistente
OLHOS
pequenos, nervosos
penetrantes, inflamam com facilidade
grandes, claros, brilhantes, atraentes
CABELOS
finos e secos
finos, oleosos e lustrosos
grossos, oleosos e ondulados
JUNTAS
enrijecidas, estalam bastante
soltas, flexíveis
firmes, grandes
APETITE
variável, costuma esquecer de comer
alto, excessivo
moderado, mas constante
SEDE
variável, escassa
alta, excessiva
moderada
FEZES
secas, duras, prisão de ventre
macias, tendem à diarréia
moderadas, sólidas
SENSÍVEL A
frio, secura e vento
calor, fogo e luz do sol
frio e umidade
TENDÊNCIA A DOENÇAS
sistema nervoso, dores, artrite
febre, inflamações, fígado e coração
congestão, muco, edema, problemas respiratórios
ATIVIDADE
híper-ativo, agitado, sem descanso
moderada, eficiente, competitiva
lento, demora para iniciar
RESISTÊNCIA
fraca, cansa-se facilmente
moderada, bem direcionada
grande, boa resistência.
SONO
leve, agitado, tende à insônia
moderado, mas profundo
excessivo, pesado
MEMÓRIA
aprende fácil, mas esquece rápido
afiada, clara
lenta, mas nunca mais esquece
FALA
rápida, inconsistente, falador
argumentativa, convincente, gosta de debater
lenta, melodiosa, fala pouco
TEMPERAMENTO
nervoso, mutável
motivado
contente, conservador
EMOÇÕES
POSITIVAS
adaptabilidade
coragem
amor
EMOÇÕES
NEGATIVAS
medo
raiva
apego
TOTAL
VATA _______
PITTA _______
KAPHA _______

Ouvindo História - Yoga e Pilates São Caetano do Sul

"As histórias podem dizer  que não pode ser expresso de outra forma, pois também sabem ocultar o que mostram. Encaramos sua verdade como pressentimos, por trás de um véu, o rosto de uma mulher.
Quando as ouvimos ns sentimos como se entrássemos numa catedral. Estando na obscuridade, vemos os vitrais iluminados. Mas, quando as luzes se acendem, só percebemos as molduras."
Bert Hellinger - No centro sentimos leveza
 

Ao sabor dos ventos do destino - Yoga e Meditação São Caetano do Sul


"Resta-me, como única solução, submeter-me e conformar-me voluntariamente ao contexto de um poder superior, seja para minha felicidade ou para minha desgraça. A atitude em que se baseia esse compartamento eu chamo de humildade. Ela me permite aceitar a minha sorte pelo tempo que durarem, independentemente do preço que outros pagaram por elas. Ela também me leva a aceitar a minha morte e um destino difícil quando tocar minha vez, sem relação com minha culpa ou inocência. Essa humildade leva a sério a experiência de que eu não comando o destino, mas ele amim, Ele me acolhe, sustenta e deixa cair, de acordo com leis cujo mistério não posso desvendar."
Bert Hellinger em No Centro Sentimos Leveza

O que não nos pertence - Yoga e Meditação São Caetano do Sul



"Nos sistemas familiares, frequentemente, uma outra pessoa assume o destino rejeitado ou a culpa recusada por alguém. Isso tem efeitos duplamente nefastos.
Um destino alheio ou uma culpa alheira não nos dá força, pois sáo são capazes disso o nosso próprio destino e a nossa própria culpa. Ao mesmo tempo, enfraquece-se a própria pessoa cujo destino ou cuja culpa assumimos, pois eles também perdem força para ela. "
Bert Hellinger - No Centro Sentimos Leveza

O Poder que vem do que nos pertence - Yoga e Meditação São Caetano do Sul


" Existem coisas más ou pesadas que nos pertencem a título de destino pessoal: por exemplo, uma doença hereditária, circunstâncias penosas de nossa infância ou culpas pessoais. Quando aceitamos o que é pesado e o incorporamos à realização de nossa vida, isso se torna para nós uma fonte de força.
Quando, porém, nos rebelamos contra esse destino, por exemplo, contra um ferimento de guerra, ele rouba força de nosso destino. O mesmo vale para a culpa pessoal e suas consequências."
Bert Hellinger - No Centro Sentimos Leveza

domingo, 10 de outubro de 2010

SORTE - Yoga e Meditação São Caetano do Sul

"Freqüentemente encaramos uma sorte não merecida como algo que nos ameaça e amendronta. Isso decorre de que secretamente achamos que nossa sorte desperta a inveja do destino ou de outras pessoas. Então, ao aceitar essa sorte, nos sentimos violando um tabu, assumindo uma culpa, aceitano um risco. A gratidão diminui o medo. Mas, para ser feliz, é preciso ser humilde e corajoso."
Bert Hellinger NO CENTRO SENTIMOS LEVEZA

NO CENTRO SENTIMOS LEVEZA - Yoga e Meditação São Caetano do Sul

"Quem está em consonancia com o mundo e o aceita tal como ele é, sabe o que prejudica e o que ajuda, o que é bom e o que é ruim. Por estar em sintonia, ele segue esse saber, independentemente das opiniões favoráveis ou contrárias. Ele repousa em seu centro, em equilíbrio, simultaneamente recolhido e dedicado. Nesse centro sentimos leveza. Nesse centro alcançamos paz e no sentimos como relaxados e inteiros."
"Bert Hellinger" NO CENTRO SENTIMOS LEVEZA

Culpa e Inocência - Yoga São Caetano do Sul


"Intimamente associados à consciência estão os sentimentos de culpa e inocência. Também aqui é estranho que muitas ações criminosas sejam acompanhadas por sentimentos de inocência, e muitas boas ações por sentimentos de culpa. Por conseguinte, ficou claro para mim que esses sentimentos só são úteis dentro de determinados limites, e que culpa e inocência não significam o mesmo que bom e mau"
Bert Hellinger no livro No centro sentimeos leveza

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Yoga com Bola - Yoga São Caetano do Sul

Olá gente! Essa aí embaixo sou eu. Venha conhecer nosso espaço.

Saudação ao Sol - Venha praticar com a gente - Yoga São Caetano do Sul

BHUTA SHUDDHI: PRÁTICA PARA SUBLIMAR O CIÚME - Yoga São Caetano do Sul

BHUTA SHUDDHI: PRÁTICA PARA SUBLIMAR O CIÚME
Por Pedro Kupfer
O ciúme e a inveja se relacionam com a possessividade. O praticante de Yoga deve ter especial cuidado em evitar a possessividade e outras formas de apego negativo. Em relação ao ciúme no casal, cada um deve achar elementos para sublimar o apego excessivo.

  • Kriya: kapalabhati.
  • Asanas: trikonasana, flexão lateral em pé; padahastasana, flexão frontal em pé; paschimottanasana, flexão sentado; vajrolyasana, elevar as pernas e o tronco sentado no chão; bhujangasana, extensão deitado de bruços e shirshasana, inversão sobre a cabeça.
  • Yoganidra: mentalização para transformar esta emoção em seu oposto: amor desinteressado, desapego e afeição.
  • Pranayama: antar kumbhaka bandha, e nadi shodhana pranayama, respirações completa e alternada.
  • Mantra: japa com o bija mantra Ram, do manipura chakra, onde se concentra essa emoção.
  • Meditação: concentração ou meditação sobre o manipura chakra, no umbigo, um vórtice de energia de cor vermelho-alaranjada rodeado por dez pétalas cinza, dentro das quais refulge um triângulo invertido.
Outros procedimentos:
  • Fazer a respiração completa e profunda no momento em que a emoção estiver mais intensa, mantendo o controle sobre os impulsos hostis.
  • Dominar o momento de maior exaltação: se você conseguir conter o primeiro impulso, verá que fica mais fácil expor suas razões de forma objetiva e serena.
  • Ao mesmo tempo, não deixar de falar a verdade, desde que a palavra não seja usada para ferir ('estou falando pelo seu próprio bem').
  • Evitar responder à ação. Ao invés disso, tentar responder à pessoa como um todo.
  • Cultivar a não possessividade (aparigraha), o estudo de si próprio (svadhyaya) e o contentamento (santosha).
  • Praticar Karma Yoga, realizando ações que não busquem produzir frutos para si mesmo, mas para os demais.
Extraído do livro Guia de Meditação.

vídeo sobre Kapala http://www.youtube.com/watch?v=itZp-2IsoE4&feature=related

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domingo, 8 de agosto de 2010

Vedanta e a vida cotidiana - Yoga em São Caetano do Sul


O Veda, dividido em quatro partes chamadas de Rk, Sama, Yajur e Atharva, é um corpo de conhecimento que trata dos desejos e buscas do ser humano. Estes, que são chamados de purusharthas (os objetivos, artha, do ser humano, purusha), são quatro — dharma, o correto agir; artha, a segurança; kama, o prazer; e moksha, a libertação do sentimento de limitação e carência.

O conhecimento contido na parte final de cada divisão do Veda que está na forma de um diálogo entre um professor e um aluno é chamado de Vedanta. Vedanta trata especificamente deste último desejo, moksha. Ensina sobre o que é o sujeito, analisa o significado da palavra “eu”, o Ser que permanece o mesmo, imutável desde a infância, a juventude, a velhice e a morte, e cuja natureza é Consciência sempre existente e Plenitude, livre de qualquer forma de limitação, a plena satisfação ou contentamento.

Este ensinamento deve ser entendido, apreciado, e para isso são necessários uma mente preparada com maturidade emocional, capacidade de questionamento e desapego. A ausência das qualificações essenciais da mente incapacita a pessoa a adquirir, e principalmente a reter, o entendimento da natureza absoluta de si mesmo. Assim, junto com o estudo de Vedanta, existe uma vida de Yoga. Por essa razão, Vedanta e Yoga estão associados e caminham juntos.

Isso fica muito claro na Bhagavad Gita, no diálogo entre o mestre Krsna e o discípulo Arjuna. Krsna ensina a Arjuna sobre o conhecimento de Brahman, o absoluto, e karmayoga como a arte de agir com desapego.

O processo para a aquisição do autoconhecimento é o estudar, o refletir e o contemplar sobre o que foi escutado. Para isso, a pessoa que deseja esse conhecimento, chamada de jijnasu, deve encontrar alguém que lhe ensine, um professor ou professora que tenha passado também por esse processo de estudo. O estudo requer dedicação e constância, mas não necessariamente um afastamento da sociedade e da família. Como Arjuna, a pessoa pode continuar a cumprir suas obrigações sociais, profissionais, familiares e estudar, ou, como os estudantes que vemos nas Upanishads (os textos dos antigos Vedas), podem renunciar à vida profissional e de casado e dedicar-se exclusivamente ao estudo e posteriormente ao ensino em um gurukulam, uma escola onde vivem o professor e os alunos.

O estudo revela um conhecimento do eu diferente do entendimento comum de si mesmo, que é parcial, com referência ao corpo, à mente e ao intelecto e suas qualidades. O estudo de Vedanta elimina a ignorância do eu fundamental e liberta a pessoa da sensação de limitação e mortalidade. Porém, para lidar com a mente, os Vedas indicam uma vida de Yoga, instrumento para alcançar tranquilidade e uma mente que governe a si mesma, livre de reações mecânicas e pontos cegos. Assim, o Yoga torna-se o meio indireto para a libertação, ou moksha. O meio direto é o conhecimento, assim como o fogo é o meio direto para cozinhar, e as panelas são o meio indireto. E não há alternativa para o meio direto; para o indireto, há escolha possível, dependendo de cada caso. Também para eliminar a ignorância relativa a si mesmo é imprescindível a aquisição de conhecimento, o meio direto; para a capacitação da pessoa há escolhas e este será o meio indireto.

O Yoga compreende uma vida meditativa e uma atitude específica frente à ação e seus resultados; Ashtanga, ensinado pelo mestre Patañjali, como os oito passos para o samadhi, também faz parte.

Ação e reação

Viver uma vida com Vedanta significa estudar, meditar e fazer o que cabe à pessoa dentro de seus papéis como pai, mãe, filho, chefe, empregado, amigo, marido ou esposa, namorado ou namorada, com uma atitude diferente do que é mais comum. As várias situações da vida trazem circunstâncias desejáveis e indesejáveis. É fácil lidar com os momentos agradáveis, mas os problemas começam quando as situações que ocorrem não são de nosso agrado, não são como pensamos que seriam. Nesses momentos é comum a pessoa reagir com irritação, raiva e agressão verbal. Essas ações são chamadas de reações, pois acontecem independentemente da escolha da pessoa. Em determinado momento em que alguém, por exemplo, nos diz algo contra nós ou nossa opinião, imediatamente respondemos com irritação ou nos fechamos, nos sentindo rejeitados e insignificantes. Ambas as respostas são reações, pois não houve um movimento da vontade anterior à resposta. Em oposição a isso, quando alguém diz o que pensa e/ou sente, sem acusar ou agredir o outro, é uma ação.

Reações são automáticas, mecânicas e inconscientes; são formas de agir dentro de um padrão já estabelecido, pela pessoa ou por seus familiares, que se repetem infinitas vezes, até que haja uma reflexão e uma mudança deliberada.

Não é fácil modificar padrões de comportamento, principalmente quando são muito antigos, até mesmo nascidos na infância, do exemplo da conduta de familiares.

Quanto mais nos identificamos com nossa forma de agir, mais difícil é a mudança. Muitas vezes a própria identidade é construída a partir de padrões reativos de comportamento, como se constituíssem a pessoa de tal forma que fosse impossível continuar vivo sem esses padrões.

Por meio do ensinamento de Vedanta, a pessoa se vê como é, livre da mente e de seus padrões de comportamento. Por meio da meditação descobre a paz, o silêncio e a satisfação, como sua natureza essencial. Torna-se então possível analisar os padrões de reação, pois sei que existo sem eles. Será possível perceber o padrão indesejável e estar atento para não repeti-lo. Sem fugir das situações diárias que a vida e nossos muitos papéis nos trazem, sem deixar de agir, pois é necessário interagir no mundo, dar nossa contribuição, pois também recebemos muito.

Krishna diz a Arjuna, nos versos 10 e 11 do capítulo 3 da Bhagavad Gita, que o Universo foi criado para funcionar com a atitude de yajna, de contribuir. Ao contribuir, cada um com sua parte, ao mesmo tempo em que recebe tanto do Universo, o Vedantin ou o yogin faz diferença por causa de sua atitude. A pessoa comum, o samsarin, que interage no mundo com seus altos e baixos e reage quando as situações não são de seu gosto, somente reage. O Vedantin, dedicado ao estudo de Vedanta, que é também um yogin, age deliberadamente, ou mesmo que nem sempre consiga, tem o agir como objetivo. Dentro de uma relação pessoal, deseja notar, e ser suavemente alertado, quando está reagindo para poder modificar sua ação. Essa atitude por detrás da ação faz toda a diferença. É a atitude de que não se quer reagir, mas reconhecer e entender os padrões de reação para se libertar deles e agir da melhor maneira possível em cada momento. Agir conforme seu dharma, seu papel, seguindo os valores universais de respeito ao outro conforme gostaria de ser respeitado pelo outro, e com a atitude de não reação.

Mas por que não reagir? O que ocorre conosco muitas vezes não é injusto? Sentimos que não é aquilo para o qual batalhamos tanto e durante tanto tempo! Muitas vezes parece que alguém se colocou entre mim e meu desejo. Muitos diriam que não reagir é não ter sentimentos e uma vida assim não tem graça!

“Não reagir” não quer dizer não responder à situação, mas responder de uma forma mais efetiva e deliberada, é ter a capacidade de gerenciar a si mesmo, sua mente e, portanto, a situação; poder escolher o que fará, como e quando.

O Universo de Ishvara

Essa visão exige a compreensão da visão de Vedanta de que existe uma ordem no Universo que não falha nunca. Percebemos que existem leis da física que governam o movimento dos corpos no espaço. Existem leis psicológicas que governam a mente e as emoções, leis que governam o movimento dos planetas, dos ventos, da chuva e tantas outras. Existe, sem dúvida, uma ordem cósmica que governa e mantém em ordem todas as outras ordens. Assim também existem as leis que governam as ações e seus resultados. Tudo no Universo parece ser muito bem desenhado, os seres humanos, animais e outros seres vivos são capacitados desde o nascimento para sobreviverem em seu ambiente nativo. Para esta criação tão bem planejada, deve haver um criador que possui conhecimento de toda a criação e poder para sua manifestação.

Para um objeto que é criado, devem existir duas causas — a causa material e a causa inteligente —, como para a criação de um pote de barro. Temos o oleiro, que tem conhecimento e poder para criar o pote, e o barro, o material do qual o pote é feito. No caso do pote, as duas causas são separadas; no caso do Universo, os Vedas nos dizem que o criador precisa do material, mas este não é separado do criador. Como em nosso sonho, em que somos o sonhador, o próprio material do sonho e o sonho, o Universo se manifesta do criador, Ishvara, que é tanto a causa inteligente como a material do Universo. E assim como o objeto não é separado de sua causa material, o Universo não é separado de Ishvara. Todos os objetos, corpos, mentes, sentidos e as leis que governam seus movimentos pertencem ao corpo de Ishvara.

Assim sendo, quando o resultado de minhas ações vem para mim, sei que vem de Ishvara e recebo como um presente ou prasada. Com esse entendimento, a atitude da pessoa muda. Em vez de se ver injustiçada e infeliz e reagir, a pessoa percebe que o resultado da ação veio adequadamente, conforme leis que governam as ações e seus resultados. Tenho uma percepção de que é adequado e uma atitude de receber bem o que veio para mim, o que não me proíbe de executar outra ação, se necessário for, para então conseguir o que quero. Recebo sem reagir. A atitude que me faz receber bem o que vem está sedimentada no conhecimento de Vedanta. A atitude chama-se Karma Yoga; é o instrumento que fará com que a mente dessa pessoa torne-se objetiva, eficiente e tranquila, capaz de lidar com todas as situações com equilíbrio e eficiência. Somente uma pessoa com esse tipo de mente poderá sentar e estudar sobre atman, o sujeito livre de papéis que é ele mesmo, completo e satisfeito em qualquer situação. Este é o objetivo mais alto da vida, parama-purushartha moksha, e o meio para alcançá-lo chama-se Vedanta e Yoga, mais especificamente Karma Yoga.



Por Glória Arieira

BHUTA SHUDDHI: PRÁTICA PARA SUBLIMAR O MEDO - Yoga São Caetano do Sul


Por Pedro Kupfer
Todos temos, em maior ou menor grau, alguma forma de medo: de enfrentar certas situações, de dizer a verdade a quem precisa ouvi-la, de mudanças, temor do desconhecido ou ainda eventuais momentos de angústia ou pânico. O medo é a antítese do amor, no sentido que há uma necessidade de voltar-se para o interior, fechar-se sobre si mesmo a causa da fragilidade que o indivíduo sente. O amor é centrífugo, emana desde o interior. Quem vibra amor não precisa proteger-se nem fechar-se, pois ele é a solução contra os estados negativos.
Cada vez que fugimos dos nossos medos ? ou emoções correlatas: receio, pavor, sobressalto e apreensão ? eles se reforçam. Como podemos dominar o medo? Geralmente o somatizamos na região abdominal e no plexo solar, precisamente onde vão agir as técnicas do Yoga. Através do efeito das visualizações, respiratórios, contrações e asanas, criaremos uma nova memória corporal com a qual estaremos em condições de sublimar a desordem emocional em questão.
  • Kriya: cinco ciclos de uddiyana bandha, a contração abdominal, alternados com outros tantos de bhastrika, a respiração do sopro rápido.
  • Asanas: padangushthasana, equilíbrio nas pontas dos pés sentado sobre os calcanhares; janushirshasana, flexão sentado sobre uma perna de cada vez, segurando os tornozelos com as mãos; bhadrasana, abertura pélvica sentado com as plantas unidas; gomukhasana, segurando as mãos atrás das costas, com um braço por cima e o outro por baixo; sarvangasana e matsyasana, a invertida sobre os ombros e sua compensação. Faça cada exercício acompanhado de mula bandha, contração dos esfíncteres.
  • Yoganidra: mentalização para sublimar e transformar essa emoção em seu oposto: confiança, segurança, e firmeza de ânimo.
  • Pranayama: bahya kumbhaka com mula bandha, respiração com retenção vazia e contração dos esfíncteres.
  • Mantra: japa com os bija mantras Vam e Ram, centros de força onde se localiza essa emoção.
  • Meditação: a mais adequada é no svadhishthana chakra, na cor branca, localizado quatro dedos abaixo do umbigo.
Outros procedimentos:
  • Praticar um dos respiratórios acima no próprio momento em que a emoção estiver manifestando-se.
  • Traçar o perfil do nosso samskara e identificar as vasanas que possam estar condicionando-nos a sentir medo ou a agir de acordo com um determinado padrão.
  • Cultivar tapas, autodomínio, svadhyaya, a observação atenta de si mesmo, e Ishvara pranidhana, que é permitir que a força da vida se manifeste através de nós mesmos.

ASHTAANGA YOGA MANTRAM E SEU SIGNIFICADO PROFUNDO - Yoga São Caetano do Sul

Om vande gurunam charanaravinde
sandarshita svatma sukhava bodhe
nih shreyase jañgalikayamane
samsara halahala mohashantyai

abahu purushakaram
shankhachakrasi dharinam
sahasra shirasam svetam
pranamami patañjalim Om

Tradução:
Saúdo os pés de lótus dos mestres, que revelam o autoconhecimento, que me fazem realizar a verdade que é a plenitude final; evitando o feitiço, como o curandeiro da selva, [o autoconhecimento] aquieta a ilusão que vem do veneno do ciclo de encarnações.
Reverencio Patañjali que tem a forma humana até a cintura (o resto tem a forma de uma cobra), (com suas quatro mãos) segura uma concha, um disco e uma espada (com a quarta ele faz o gesto de ausência de medo), tem mil cabeças e cor clara.

Introdução:
Quando o mantra é entoado se pratica uma ação mental pedindo algo ou reconhecendo algo, trazendo, portanto, resultado. Como a intenção é um fator importante na ação, sem o conhecimento do significado, neste caso, não tem como este quesito estar presente. Também existem, tradicionalmente, pessoas que cantam mantra-s para memorização, desconhecendo seus significados, com a intenção de preservação dos textos de geração para geração.
Este canto e o praticado nas aulas de Iyengar Yoga são as invocações que se fazem anteriormente ao estudo dos Sutras de Patañjali. Cantados nas práticas de Hatha Yoga, honram o conhecimento advindo do estudo e vinculam a disciplina à sua parte filosófica, por assim dizer, apoiada nos sutras.
É importante salientar que a tradução do sânscrito envolve uma compreensão de todo o verso e uma interpretação, caso contrário pode ficar ininteligível ao leigo. Além, uma mesma palavra em sânscrito possui diversos significados. Alguns tradutores optam por completar as palavras literais, porém sem perder o sentido da frase.

Do mantra:
É um mantra devocional, de agradecimento e entrega aos Mestres. Faz referência à flor de lótus pura e intocada. As pétalas de sua flor possuem um óleo que as protege do toque da água. O lótus nasce no lodo, seu caule atravessa toda a água e, por fim, a flor desabrocha na superfície. Da mesma forma o conhecimento permanece intocado mesmo que viva no meio, digamos, mundano.
Através do conhecimento transmitido pelo guru o discípulo fica livre da ilusão do samsaara. A ilusão nada mais é do que a realidade relativa em que vivemos e para a qual atribuímos ser absoluta. Só a tradição de ensinamento mestre-discípulo sem opiniões pessoais e com fidelidade única (pura) pode revelar ao discípulo todo o conhecimento necessário para ser livre de condicionamentos. O samsaara, nos trazendo uma falsa identificação de quem somos, é chamado de veneno que intoxica a mente com sofrimento. Só a eliminação deste veneno (ilusão), através do antídoto (ensinamento) é que se alcança a plenitude (pode ser compreendida, inicialmente, por felicidade).
O mantra deixa claro que não são as práticas físicas que causam a libertação. Aaasana-s, praanaayaama-s, meditações, etc., são suportes para que o corpo tenha saúde e a mente tenha foco e concentração. A doença é uma causa de fracasso para o yogi e é apontada por Patañjali como um dos nove obstáculos ao autoconhecimento. Tanto que as séries de aasana-s do Ashtaanga Vinyasa são chamadas de cikitsa (terapêutica), ou seja, possuem objetivo enunciado e pré-determinado.
Independente de quantos aasana-s fizer ou qual postura conseguir elaborar, aasana é só aasana e com finalidade específica. O mesmo se diz de todas as demais técnicas do Hatha Yoga, como drshti-s, shatkarma-s, etc.
No segundo verso são indicados os símbolos do poder e habilidade do guru para que a ignorância de si mesmo, pertencente ao discípulo, seja destruída. Os naga-s, seres divinos metade homem metade serpente, são representações comuns no hinduísmo. A serpente é o símbolo da vida, infinita e atemporal, que sustenta todo o universo. As mil cabeças indicam que todas as direções do universo são observadas e que Patañjali é um avataara (encarnação) do deus serpente Ananta. Este, desejoso por ensinar o Yoga ao mundo, manifestou-se na forma do sábio nas palmas das mãos de uma yoginii. A cor clara remete à luz do conhecimento.
As quatro mãos sustentam uma concha, um disco e uma espada. A mão que não é mencionada é a que sempre está em abhayamudraa (gesto para dissipar o medo) em todas as divindades. É o gesto onde a mão é apontada para cima, mostrando-se a palma ao discípulo, significando “não tema”.
A concha é a representação dos cinco elementos da prakrti (matéria) que são terra, água, fogo, ar e espaço. Quando soprada, a concha produz o som do Absoluto que, segundo os Veda-s, deu origem ao universo, o pranava, o Om.
O disco é uma arma tradicional nas deidades e é uma arma utilizada para destruir as ações inapropriadas, o adharma. Esta destruição vem através da pratica dos yama-s e niyama-s, normas de condutas éticas e disciplinas de estudo e purificação. Também, como todo círculo, representa o infinito, sem início nem fim. É a indicação de que o mundo foi, é, e será sempre permeado por ações apropriadas e inapropriadas enquanto o autoconhecimento não for realizado pelo discípulo.
A espada, ligada ao conhecimento e à discriminação, é utilizada para cortar a cabeça do “demônio da ignorância” e trazer a luz para a escuridão. No hinduísmo, as características do universo são representadas por deidades ou demônios. Estes nada mais são do que os que agem pelo adharma, pelo ego, levados pelos desejos e pela confusão quanto à sua própria natureza.
Assim, devemos cantar o mantra com o significado em mente, para que a luz do conhecimento termine por revelar o que já somos, entendendo que nada há que ser produzido por qualquer tipo de ação. Nossa natureza é plenitude ilimitada. Sofremos por acreditar que somos o limitado, pois nos sentimos dessa maneira. Só o guru, liberado do samsaara, é capaz de revelar nossa identidade com o Todo.
Om Shri Gurubhyo namah!

Decifrando o Guerreiro - Yoga São Caetano do Sul

Por Humberto MeneghinEste é o segundo de uma série de três textos que tem como objetivo desvendar os detalhes do virabhadrásana, a postura do guerreiro. Independentemente de ter ou não executado a outras duas variações, o praticante pode fazer o virabhadrásana II. Para compor este ásana destacamos as ações relativas ao posicionamento e alinhamento de pés, pernas, joelhos, quadris, braços, cabeça e tronco.

 
PÉS E PERNAS.
Ao se colocar em Virabhadrásana II, o praticante pode alinhar os calcanhares entre si e elevar os arcos dos pés. O pé de trás irá girar para frente e formar um ângulo de 45 graus em relação ao pé que está à frente.  Por sua vez, este mesmo pé, que está à frente, se encontra na linha da perna flexionada, ao passo que a coxa da perna que o acompanha permanece paralela ao solo.
No entanto, em relação ao correto posicionamento das pernas, vale lembrar a mesma recomendação adotada na construção do Virabhadrásana I e do Trikonasana, qual seja: as pessoas cujas pernas são mais compridas, usando o bom senso, precisam separar mais os pés, ao passo que as pessoas de menor estatura devem aproximá-los.
Ainda, em relação à posição dos pés e considerando a mobilidade do quadril de cada praticante, há quatro opções para o praticante investigar o ângulo entre os pés para melhor se estabilizar no ásana. Quais sejam:
1) ambos os calcanhares podem estar na mesma linha, ou
2) o calcanhar do pé da frente pode ficar alinhado com o arco do pé de trás, ou
3) o calcanhar do pé da frente pode ficar alinhado com o dedo maior do pé de trás, ou ainda
4) o calcanhar do pé da frente pode ficar aberto em relação ao pé de trás (i.e., se o pé da frente for o direito, a planta desse pé fica mais para a direita).

JOELHOS E QUADRIL.
Examinando o Guerreiro II nos quesitos joelhos e quadril, notamos que a base desta postura é aberta e similar à do parsvakonásana. O joelho da perna da frente fica flexionado, no entanto, o praticante deve observar as mesmas indicações adotadas no Guerreiro I, ou seja, joelho da perna da frente deve estar confortavelmente flexionado e corretamente alinhado ao calcanhar da mesma perna.
Uma dica é visualizar uma linha imaginária descendo pelo meio do joelho até o espaço entre o primeiro e segundo dedos do pé que está à frente. No entanto, deve o praticante evitar pender a perna e o joelho da frente tanto para o lado de dentro quanto para o lado de fora, pois irá criar uma compressão desnecessária nas articulações sacroilíacas e na região lombar. Por sua vez, o quadril permanece alinhado com ambas as pernas e paralelo ao chão.

BRACOS, CABEÇA E TRONCO.
Em relação aos braços, ao iniciar a posição, o praticante deve relaxar os ombros, os músculos do dorso e as escápulas, enquanto os estende paralelos ao chão. Em seguida, volta as palmas para cima e respira por algumas vezes, para depois virá-las para baixo.
A cabeça se volta em direção à mão que está à frente. Os olhos se fecham e o praticante irá, em um primeiro momento, abrir o olho do lado oposto ao braço estendido a sua frente e focalizar o dedo médio dessa mão e, depois, irá abrir o outro olho. Esta ação tem por finalidade ajudar o praticante a se concentrar na composição do ásana.
Uma vez que tronco se mantém na posição vertical, o esterno se eleva à frente e o pescoço, se alonga e se mantém relaxado. Os ombros, por sua vez, ficam para trás, para baixo e abertos, enquanto as axilas estão afastadas entre si.
Por fim, os bandhas surgem na base do tronco, ao mesmo tempo em que a coluna também está verticalizada e o cóccix aponta para baixo. E, em posição neutra, o praticante se entrega às sensações que sente na região do coração, até que esteja pronto para executa-lo do outro lado. Harih Om!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010

Resistência e Tentação -- Yoga São Caetano do Sul


"Adquirimos a força da tentação a que resistimos." (Ralph Waldo Emerson)

Escolhas e Opções - Yoga São Caetano do Sul


"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."
(Carlos Drummond de Andrade)

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eu sou aquilo - Yoga São Caetano do Sul



EU SOU AQUILO - Resenha sobre o livro de Sri Nisargadatta Maharaj
A afirmação parece confusa. Eu sou “aquilo” o que? Parece que a frase não foi completada. Mas para quem já leu essa obra primorosa, estas três palavras fazem muito sentido. Mais do que isso, são um lembrete para não perdermos o rumo. Sri Nisargadatta Maharaj as repetia o tempo todo, em cada um de seus satsangas (encontro com os discípulos) para enfatizar que devemos parar de acrescentar adjetivos à nossa essência. Somos aquilo que somos. Por que limitar nosso ser usando adjetivos?
É inquietante pensar em nós mesmos sem adicionar adjetivos, sem dizer “eu sou bonito”, “eu sou infeliz”, “eu sou inteligente”, “eu sou casado e tenho dois filhos”, “eu sou advogado”. Mas esse é o objetivo de Maharaj ao nos conduzir por seus diálogos iluminadores. Usando a estrutura de ensino que aparece freqüentemente nos Upanishads (literatura hindu), Sri Nisargadatta Maharaj se sentava com as pessoas que vinham procurá-lo, buscadores de todas as partes do mundo, para conversar durante uma hora ou duas todos os dias. Essas conversas gravadas e transcritas por um desses buscadores (Maurice Frydman), se transformou no livro I Am That.
Lembro que meu primeiro contato com esse livro foi num retiro de meditação, onde o instrutor leu alguns de seus capítulos. Senti-me tocado pela simplicidade e clareza dos ensinamentos de Maharaj e logo consegui uma cópia do livro. Comecei a ler avidamente, numa manhã de domingo. Bebia o néctar de cada palavra. Era como se eu estivesse lá, em sua salinha (que nunca conheci pessoalmente) rodeado por outros buscadores e envolvido em sua luz. Após alguns poucos capítulos, minha cabeça rodava. Tudo parecia tão claro e, ao mesmo tempo, tão estranho. Parecia que o meu quarto, os objetos ao meu redor e a minha própria vida era apenas uma miragem comparados àquela sensação de eternidade e grandeza que eu sentia. Aquele homem dizia tantas verdades, me dava tantos tapas com luvas de pelica, que eu, com medo de me iluminar naquele momento, fechei o livro e fui para o cinema. Assim, são os diálogos de Sri Nisargadatta Maharaj: iluminadores, comoventes e simples. Muitas vezes, mais do que responder aos ouvientes, ele os desafia com perguntas cujo objetivo é destruir a ignorância e nos dar um lampejo da grande realidade. Depois de lê-los é impossível esquecer seus ensinamentos. Pelo menos foi assim para mim.
Sri Nisargadatta Maharaj viveu uma vida comum: trabalhou, casou-se, teve filhos. Era dono de uma pequena loja em Mumbai (Bombay), onde vendia roupas para crianças, tabaco e cigarros artesanais, o que lhe deu alguma estabilidade financeira. Apesar da vida pacata, Maruti (seu antigo nome), era dono de uma mente inquieta, repleta de questões. Um amigo lhe apresentou, um dia, ao mestre Sri Siddharameshwar Maharaj e este foi seu ponto de mutação. O Guru lhe deu um mantra e algumas instruções sobre meditação. Ele praticou assiduamente e em pouco tempo começou a ter visões e estados de transe. Alguma coisa explodiu dentro dele dando nascimento à uma consciência cósmica e a um sentido de vida eterna. A identidade de Maruti, o pequeno comerciante, se dissolveu e a personalidade iluminada de Sri Nisargadatta emergiu.
Quando questionado sobre como aconteceu sua iluminação, ele diz:
"Aconteceu que eu acreditei em meu Guru. Ele me disse que eu não sou nada além de mim mesmo, e eu acreditei nele. Acreditando nele, passei a me comportar de acordo e parei de me preocupar com tudo o que não era eu ou que não era do meu ser."
Parece simples demais. Bastou a ele perceber que não era nada além de si mesmo e tornar-se fiel a essa percepção. Mas, talvez, a iluminação seja realmente simples. Quando um ouvinte lhe pergunta qual a diferença básica entre ele e Maharaj, este lhe responde que não há nenhuma diferença. Sua vida é uma sucessão de eventos como a de qualquer um de nós. A diferença, segundo ele, está no fato de que o iluminado não se apega a esses fatos e olha “o show que passa apenas como um show que passa”, enquanto nós nos apegamos às coisas e acontecimentos e nos movemos com eles de um lado para o outro. Assim, nossa mente está sempre cheia de coisas, pessoas e idéias. Nunca estamos focados em nós mesmos. Vamos aonde os pensamentos nos mandam, mas nunca penetramos em nós mesmos. Ele nos aconselha:
"Coloque a si mesmo dentro do foco. Torne-se consciente da sua própria existência. Veja como você funciona, verifique os motivos e os resultados das suas ações. Estude a prisão que você, inadvertidamente, construiu a sua volta."
Porém, afirmar “eu sou” não é o final da jornada. Pensar em si mesmo sem se definir é apenas o começo, uma útil ferramenta que pode nos levar a vislumbrar a nossa essência. Mas, de acordo com seus ensinamentos, até o sentido de “eu sou” desaparece quando nos iluminamos. Não que perdemos a consciência de quem somos ou tenhamos que deixar de lado o ego e suas atribuições. Mas o corpo, o ego, a mente e nossos próprios pensamentos se tornam acessórios da nossa essência, que ele chama de Self. São como roupas que usamos. Vestir uma roupa diferente não nos modifica na essência. Nem o que acontece às nossas roupas nos afeta, tanto que quando estão velhas, jogamo-las fora e compramos uma outra. Quando alguém pergunta a ele se um iluminado também sente fome ou sono, Maharaj responde que sim e que pode até ficar irritado por não ter sua refeição na hora certa. Mas a fome e a irritação são percebidas por ele como um eco distante de algo que está acontecendo na periferia de seu ser. O mesmo acontece quando alguém lhe faz uma pergunta. Ele conhece a resposta ao mesmo tempo em que a pergunta é formulada. Ela não passa pelo racional ou pela mente.
No texto “O Self Está Além da Mente” podemos compreender um pouco mais sobre a maneira como a mente atua. Um ouvinte lhe pede uma técnica ou um conselho para tornar sua mente estável, ao que Maharaj responde que a natureza da mente é a instabilidade. Ela está habituada a ficar vagando de uma coisa para outra. O que podemos fazer é mudar o foco da consciência para além da mente. Ele nos prescreve a seguinte técnica:
"Recuse todos os pensamentos, exceto um: o pensamento “Eu Sou”. A mente se rebelará no início, mas com paciência e perseverança, ela irá render-se e ficará quieta. Uma vez quieta, as coisas começarão a acontecer espontânea e naturalmente, sem nenhuma interferência da sua parte."
Muitos dos ouvintes de Nisargadatta Maharaj lhe perguntam sobre a felicidade e o sofrimento e, em suas perguntas podemos perceber o quanto todos nós buscamos a felicidade no lugar errado. A felicidade verdadeira não pode estar em coisas que vêm e vão. O prazer não é duradouro. Ele vem sempre seguido da dor. Muitas vezes, começamos a sofrer no momento em que alcançamos aquilo que nos é prazeroso, pois já pensamos na dor que sentiremos ao perdê-lo. Assim, a verdadeira felicidade só é encontrada no Self. “Encontre seu Self real (svarupa) e tudo mais virá com ele”, nos ensina Maharaj.
Ao descobrirmos nossa verdadeira natureza, nem o medo, nem o sofrimento ou a dúvida terão lugar em nossa mente. O Self é nossa essência imortal. Por isso, um iluminado não teme nem mesmo a morte. Ele percebe que o fim do corpo não é o fim do ser. Sri Nisargadatta nos surpreende ao afirmar: “O que se ganha estando vivo? O que se perde ao morrer? Aquilo que nasceu, deve morrer; aquilo que nunca nasceu, não pode morrer. Tudo depende do que você acredita ser”. Se acreditarmos ser o corpo, teremos que morrer, já que esse corpo nasceu um dia.
Sem nenhuma cerimônia, Sri Nisargadatta coloca sempre a responsabilidade em nossas mãos. Quando alguém lhe diz que tudo o que deseja é ter paz, prontamente ele responde:
"Desprenda-se de tudo que não deixa sua mente descansar. Renuncie a tudo que perturba sua paz. Se você quer paz, mereça-a."
O Buscador retruca que todo mundo merece ter paz e Maharaj dispara “Somente a merecem aqueles que não a perturbam”.
De conversa em conversa, Maharaj vai iluminando a escuridão de seus ouvintes, ajudando-os a se desapegarem da dor, do medo, da confusão. Em sua generosidade, nos brinda com a realidade, com a sabedoria libertadora, com a consciência do que somos em essência. Seus ensinamentos não estão limitados a um lugar, um povo ou uma época pois ele não é um homem com um passado ou um futuro. Ele é o presente vivo - eterno e imutável.

 
Eu Sou Aquilo, Sri Nisargadatta Maharaj
Essa resenha foi escrita por Anderson Allegro e originalmente publicada nas páginas 116 a 120 da edição nº 02, do Outono de 2004, dos Cadernos de Yoga.






Simplicidade - Yoga São Caetano do Sul


Por: Juliana Araújo
ilustração: Eva Uviedo
Ao terminar uma aula, fui pega pela pergunta de um aluno: por que você faz isso? E para quê?

Essa dúvida me fez emudecer. Não gosto de respostas prontas ou apressadas, fiquei temerosa pela pequenez que eu poderia transmitir com palavras ansiosas. Aquelas questões incitaram em mim muito mais silêncio que resposta.

Pedi licença para no silêncio buscar algo digno de ser dito. Drummond disse “Convive com teus poemas antes de escrevê-los”. Convivendo com a dúvida, notei que ela é terreno fértil de possibilidades e que, então, fui conduzida a uma esfera muito peculiar de memórias.

Lembrei-me das tardes quentes de minha infância simples, em que eu e meus amigos nos divertíamos muito brincando com a “nossa piscina” de água da chuva recolhida num balde azul em que só cabia uma criança e esperávamos por nossa vez rindo e nos deliciando com o prazer do colega.

Recordei minha mãe preparando um bolo de fubá, artigo de luxo, para receber sua amiga para um café. A conversa começava sempre à tarde e terminava quase na hora do jantar.Tinham tempo! Coisa rara e cara hoje em dia!

E as idas ao banco? Antes, sem internet nem caixas eletrônicos, conhecíamos os funcionários e os tratávamos com a dignidade e o respeito que mereciam. A mesma coisa com o padeiro, com o motorista do ônibus e com o carteiro. As
nossas relações e nossa vida eram mais artesanais e mais elaboradas, como a receita do bolo feita em casa tem sabor mais agradável. Relações que eram cultivadas, regadas e alimentadas com respeito. Hoje é difícil saber o que tem
acontecido com a humanidade. A era industrial e tecnológica parece ter nos transformado em máquinas.

Na fila as pessoas ficam impacientes, o clima se torna hostil e não há gentileza nem troca. Aquele bom-dia sem olho no olho que não é bom nem para quem dá nem para quem ouve. Não ouvimos o outro. Não olhamos o outro. Andamos
solitários, massificados e reduzidos a quase nada. Os sorrisos tornaram-se obrigações de cordialidade. Sorrisos de quem não quer sorrir.

A doença da modernidade e que atinge milhões é a “crise da impaciência adquirida”. Pés inquietos, unhas roídas e dedos nervosos nos joguinhos de celular. Doença triste, silenciosa, mata sem que se perceba. E mata não somente
o doente, mas também o alvo no momento da sua crise. A crise ocorre no trânsito, na fila do cinema, no aeroporto e é altamente contagiosa nos grandes centros. A epidemia se alastra por São Paulo. O órgão de defesa civil deveria interditar
a cidade.

Buda já dizia que paciência é uma das mais altas virtudes, uma dica velha que se faz urgente para essa epidemia queacomete a população mundial.

Esquecemos que a experiência sagrada da vida se faz a cada instante, como diz genialmente Leonardo Boff: “A experiência do mistério não se dá apenas no êxtase, mas também, cotidianamente, na experiência de respeito diante da
realidade e da vida. A mística não é o privilégio de alguns bem-aventurados, mas de uma dimensão da vida humana à qual todos têm acesso”.

Como perceber o sagrado se estamos tão envolvidos com pequenas coisas do cotidiano que nos aprisionam? É na simplicidade que nos encontramos e podemos partilhar a plenitude do Universo.

Talvez pratiquemos unicamente para sermos humanos no significado mais profundo que esta palavra pode ter. Talvez, para curar a complexidade e ser simples. Talvez, para esculpirna argila da vida obras de amor, de paz, de generosidade e de tolerância. Talvez, para que possamos olhar nos olhos.
Talvez, para que o sorriso seja de franqueza. Talvez, para nos libertar do vago sentido. Talvez, para dar sabor mais agradável à vida, como bolo feito em casa. Ou quem sabe, para comungarmos o ideal de um mundo mais justo. Talvez, para
que nossos encontros engrandeçam a nossa jornada.

domingo, 27 de junho de 2010

Com licença, eu vou à luta! Pare de se lamentar pelo que não vai bem na sua vida e busque agora a mudança que tanto almeja.


por Cacau Peres

Imagine que você tem 43 anos, três filhos entre 5 e 17 anos e está vivendo em um país estrangeiro, pois seu marido (ou esposa) está fazendo um pós-doutorado. Você tem o casamento perfeito, seus filhos são maravilhosos, sua família é objeto de desejo, mas você chega à conclusão de que o seu antigo ideal de felicidade já
não lhe preenche mais. Algo lhe falta, como se parte de sua missão tivesse sido cumprida, mas ainda tivesse mais a ser feito. Você parou seus estudos e deseja cursar uma faculdade, pois sente que tem potencial para construir sua própria carreira. O que você faria? Para a professora-doutora Heloísa Medeiros*, a opção foi partir para a ação.

Enquanto estava nos Estados Unidos, nasceu sua paixão pela arquitetura. Decidiu então prestar vestibular ao retornar ao Brasil e, ainda nos EUA, começou a estudar química, física e outras disciplinas utilizando os livros de seu filho mais velho.

Hoje não é raro encontrar pessoas que não estão felizes com determinado segmento de sua própria vida. Pode ser uma insatisfação com um relacionamento
afetivo que já não vai tão bem, um incômodo relacionado ao trabalho, ou uma infelicidade em relação à própria autoimagem.

Para concretizar o desejo de mudança, Heloísa prestou vestibular para arquitetura ao voltar ao Brasil e não somente foi aprovada, como passou entre as primeiras colocadas para uma renomada faculdade federal. Concluiu o curso com louvor, e ao término dele, decidiu fazer um mestrado em sua área, seguido de um doutorado. Hoje, além de uma excelente mãe, dona de casa, esposa exemplar e agora avó, Heloísa é também professora-doutora em arquitetura em uma das maiores faculdades federais do País.

Enquanto algumas pessoas preferem manter-se em sua “zona de segurança e conforto” (por mais que na verdade não se sintam seguras ou confortáveis),
permanecendo na mesma situação frustrante, reclamando de sua sorte, de braços cruzados sem nada fazer, outras partem para a mudança do
que supostamente falta para que sejam felizes.

A insatisfação e a inquietação que nos atingem em algum momento da vida (ou em vários momentos), remete à ideia de uma samsara psicológica, de “andar em círculos”, de encontrar na própria mente uma prisão, onde é gerado o nosso sofrimento.

Segundo o monge budista Thanissaro Bhikkhu, a mudança de atitude não é simples, pois requer esforço, dores e riscos, tanto mentais quanto físicos.
Além disso, o novo, a ausência de parâmetros que nos sejam familiares, é perturbador, justamente pelo fato de termos de lidar com a novidade para que a
mudança seja promovida.

Com o propósito de ir à luta para conseguir o que queria, a mineira Carmem Santana* tomou uma atitude radical. Aos 47 anos, casada, mãe de dois filhos
adultos, percebeu que seu casamento já não a fazia feliz como antes. Havia casado com seu primeiro namorado, e desde então seu mundo se resumia a
cuidar do marido, dos dois filhos homens e da casa. Como ela diz: “Meus filhos eram a razão de minha vida. Eu cuidava da alimentação deles, verificava se
suas roupas estavam limpas e passadas”.

No entanto, em 2003, Carmem conheceu, pela internet, uma pessoa 31 anos mais nova. A amizade evoluiu para um relacionamento afetivo intenso e profundo,
mesmo a distância, com eventuais encontros.

Carmem pediu o divórcio ao marido, que não somente recusou-se a separar-se, como ainda bloqueou sua conta bancária para demovê-la da ideia de sair de casa. Ela não pensou duas vezes: reuniu o pouco dinheiro que tinha juntado e saiu de casa literalmente escondida, carregando apenas uma mala com algumas peças de roupas, rumo à cidade de seu recente amor.

A GITA E A CORAGEM DE MUDAR
Segundo a professora de Yoga Juliana Araújo, “essas transformações na nossa vida representam a autotranscendência, aquele chamado interno pela busca da felicidade, o autoconhecimento e a autorrealização, que está relacionada a superar os nossos valores limitantes e nosso ego também”. Para a professora, essa missão é uma batalha e tanto, pois transcender nossos condicionamentos
e mudar nossas atitudes não é uma tarefa fácil. Ela ilustra: “Lembro-me da história do Bhagavad Gita, quando Arjuna sente-se amedrontado por estar no campo de batalha, sentindo-se mal por ter de lutar, e somos parceiros nesse sentimento
de temor e de insegurança quando estamos no nosso campo de batalha. Krishna diz que o jeito é lutar, porque abandonar o campo não é uma opção das mais sábias”.

No Ayurveda também podemos encontrar explicações para as dificuldades que se apresentam quando decidimos quebrar um ciclo de sofrimento em nossas vidas, pois é por meio das qualidades sutis, ou seja, rajas, tamas e sattva, que nossa consciência mais profunda funciona. A terapeuta ayurvédica Fernanda
Ribeiro Lima, de São Paulo, afirma que as três gunas nos ajudam a entender nossa natureza mental e espiritual e como ela trabalha. Ela explica: “Sattva, a qualidade da harmonia e estabilidade, nos fornece contentamento e lucidez, por meio da qual percebemos a verdade das coisas. Por sua vez, rajas e tamas são fatores de desarmonia, e causam ilusão e uma imaginação e percepção equivocadas. No mundo de hoje, com tantos estímulos e competição, é natural que a maioria das pessoas se encontre em um estado tamásico ou rajásico, com uma mente muito longe de sua natural essência”.

Quando optamos pela mudança ou pela inércia, devemos ter em mente que para cada ação corresponde uma consequência, e que mesmo a falta de ação é uma ação por si só. Assim, podemos escolher ou não o que fazer, mas não podemos
escolher os resultados dessas escolhas nem tentar alterar seus efeitos. Segundo o professor Pedro Kupfer, “isso é regulado pela lei do karma. Não existem nem julgamento, nem juiz. Somente leis imutáveis”.


Três anos após sua mudança radical, Carmem reconhece que enfrentou tempos muito difíceis tanto financeira quanto emocionalmente. Mas ela conseguiu se divorciar, hoje tem seu próprio carro e apartamento e entrou de sócia na agência
onde começou como recepcionista. E o amor? “Vai muito bem, obrigada!” Porém, confirmando a declaração de Kupfer de que “para cada ação existe uma consequência”, ela lamenta que até hoje seu filho mais velho não a tenha perdoado por ter saído de casa e se juntado a uma pessoa mais jovem que ele próprio.

Viver em eterna lamentação, sem tomar uma atitude para quebrar esse ciclo de infelicidade, parece ser o mais comum, pois segundo o professor de Yoga Gopala, diretor do Centro Sivananda de Porto Alegre, vivemos em avidya, ou seja, não conhecemos verdadeiramente a nós mesmos. Ele diz: “Vidya – conhecimento do Absoluto – é experimentado por meio da realização direta de quem realmente somos, como diz uma das mais célebres frases das Upanishads: “Eu sou Brahman, Eu sou o absoluto”. Assim sendo, dentro da visão ordinária vivemos em
avidya, representando a ignorância em relação à nossa própria natureza, agindo como um elo que nos prende ao samsara.

A SAM SARA DA AUTOIMAGEM
Caroline Schneider sempre foi vítima de sua própria samsara psicológica quando o assunto era sua autoimagem. Ela conviveu com o peso extra desde criança, comendo de forma compulsiva. Buscou várias tentativas de emagrecimento, mas todas foram infrutíferas. O excesso de peso trouxe complicações mais sérias para sua vida, fazendo com que ela tivesse pré-eclâmpsia na gestação de sua filha, tendo esta nascido prematura. Para completar sua frustração, seu casamento foi por água abaixo quando a filha tinha somente 4 meses de vida.

Caroline diz que o confronto com o espelho era evitado a qualquer custo, pois, segundo ela, “isso era uma afronta ao meu ego”. Porém, quando se deparou com a verdade, ela estava pesando 126 quilos, aos 27 anos de idade. Ela diz: “Fiquei tão tonta para conseguir internalizar aquilo que lágrimas não foram o bastante para exprimir o que senti naquele momento. Como pude chegar naquele ponto?”

Caroline, no entanto, vendo a vida se desmoronar à sua volta, optou por quebrar a samsara de sofrimento. Nasceu uma imensa vontade de reescrever sua própria história. “Antes, minhas angústias, frustrações e medos comandavam meu apetite; não sabia senti-los. Passei a frear o gatilho das minhas emoções, me observando. Compreendi que a verdade dos outros nem sempre serve para mim, assim como a minha nem sempre serve para os outros.”

A quebra da samsara é complexa e requer esforço, pois ainda segundo Gopala, nós nos identificamos com o pêndulo das emoções de nossas preferências e aversões (raga e devesha), que nos iludem o tempo todo. Ele diz: “É necessário um despertar luminoso (sattva) que nos permita sacudir a poeira acumulada de ignorância (tamas) que se traduz em relacionamentos viciados e ciclos equivocados de hábitos que nos levam ao sofrimento. A partir do momento em que podemos reconhecer a verdadeira beleza e perfeição inerentes em todos, desenvolvemos um respeito maior que se traduz em felicidade perene”.

Por meio dessas mudanças internas, Caroline buscou uma reeducação alimentar e em sete meses conseguiu emagrecer exatamente a metade de seu peso, chegando a 63 quilos. Ela mantém esse novo peso há três anos, mostrando que a mudança veio para ficar. Pela internet, ela estimula outras pessoas em seu
blog: http://operacaometamorfose.blogspot.com.

O CALOR DA MUDANÇA
Segundo Janaína Chagas, terapeuta ayurvédica do Rio de Janeiro, por meio do Ayurveda podemos resgatar essas essências até então perdidas, do tamásico,
que é a energia mais distante da luz, trabalhando para chegar ao rajásico, que é a energia da paixão, a energia do movimento de mudança, o fogo que nos mpulsiona a transformar, que será necessário para enfim chegarmos à energia sattvica, equilibrada.

Essa força transformadora tomou conta de Carolina Langowski e de seu marido, Raphael, quando abandonaram suas promissoras carreiras em Curitiba, mudaram-se para uma pequena praia em Santa Catarina e abriram uma pousada. Eles sempre ouviram as pessoas dizendo que o sonho delas era um dia se aposentarem, mudarem para uma praia, terem uma pousada e uma vida pacata. Mas, segundo eles, “a vida está passando, e não dá para esperar se aposentar para então ir atrás do que se quer!”

Carolina cursava fisioterapia e educação física, e seu pai médico era bastante conhecido em Curitiba, já tendo por certo que muitos empregos esperavam a “filha do doutor...”. Mas ela não queria saber de doenças e sim de saúde e bem-estar, por isso foi seduzida por ter qualidade de vida e viver disso. Já Raphael tinha uma agência de publicidade em ascensão, que, paradoxalmente, ceifava seu tempo para dedicar-se à sua paixão, as artes plásticas. Dessa insatisfação com o que o presente e o futuro lhes acenava, eles decidiram vender o que possuíam em Curitiba e em 2001 construíram, na praia de Mariscal, quatro chalés, acomodaram-se em um e alugaram os outros.

Durante as obras, Rapha e Carol sobreviveram dando aulas de Yoga, principalmente durante o inverno, quando a procura por pousadas diminui na
região. A partir de então as coisas foram fluindo de forma natural, como as aulas de anatomia em cursos de formação em Yoga que Carol passou a ser convidada
a ministrar, e os trabalhos de Rapha, que passaram a ser reconhecidos aqui e no exterior.

Carol reconhece as dificuldades que enfrentaram ao longo do caminho: “Ter uma pousada não é um sonho colorido, pois exige muito mais trabalho que as pessoas imaginam. A diferença é a forma como enxergamos os obstáculos, nos apegando ao lado negativo ou positivo da situação”. Ainda assim, nem ela nem o marido se arrependem de terem se livrado das amarras da antiga insatisfação: “Temos uma vida de sonho, com muita simplicidade, onde podemos curtir e ser livres. Hoje nos sentimos muito mais leves e realizados, com a certeza de que encontramos o nosso caminho”. Ela lembra, no entanto, que as mudanças devem sempre surgir
do interior para o exterior, e não o contrário, pois em sua visão, é essencial tomar atitudes para mudar coisas de que não gostamos em nossas vidas, mas a real felicidade só surge quando promovemos uma mudança interna pautada em bases sólidas.

Segundo a professora Juliana, a decisão de Carol e Rapha demonstra uma boa dose de desapego. Ela diz: “Para que possamos evoluir, esse desapego (vairagya) é necessário e isso demonstra maturidade em relação à vida, ao trabalho, às relações e tudo que deixaremos para trás. Devemos agir usando discernimento (viveka), sabendo que não devemos esperar por uma mudança e sim agir em direção ao que queremos”.

Kupfer diz que o paradoxo entre as lágrimas das dificuldades e a obtenção da nossa meta se resolve por meio do próprio caminhar, na prática. Ele afirma: “Precisamos quebrar o casulo do ego para chegar à essência. O verdadeiro milagre consiste apenas em estar vivo, respirando e sendo”. Ele lembra ainda da famosa frase que diz que: “Não existe caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho”.

Se pretendemos ir à luta em busca do que desejamos, se pretendemos interromper o eterno ciclo de reclamações sobre algo que não vai bem em nossas vidas, devemos ter em mente que as dificuldades são inerentes a qualquer mudança e partir em busca da ação. Segundo Gopala, “temos grande dificuldade
em desvincular-nos dos inúmeros impulsos egoístas que nos assolam. Às vezes construímos um sonho dentro de outro, e por isso a prática do Yoga e a reflexão do Vedanta (vichara) nos permitem sair da letargia consciencial, despertando-nos ao fluxo cósmico ilimitado que é o nosso mais precioso direito como seres humanos”.

Para a terapeuta Janaína, tanto o Yoga quanto o Ayurveda são de extremo auxílio quando da busca dessa quebra de samsara. Segundo ela, ambos trazem para o indivíduo o resgate de si. A terapeuta Fernanda concorda: “Uma pessoa que busca uma vida mais sattvica, com dieta apropriada para seu dosha, realizando
tratamentos ayurvédicos, meditação, pranayamas e Yoga, adquire cada vez mais equilíbrio e paz de espírito e encara a vida como uma experiência de muitos aprendizados e não um mar de problemas e aborrecimentos”. Juliana reforça: “Pensamentos ruins, sensação de derrota, querer voltar para aquilo
que é conhecido, pensar que tudo pode dar errado são comuns. Mas Patañjali sabiamente dedica um tempinho no Yoga Sutra para falar que “se você pensa isso, por que não pensar no oposto? As possibilidades são as mesmas para ambas!”

E a prática de Yoga nisso tudo? (por Edi Lisboa)
A prática de Yoga nos ajuda nas mudanças que buscamos por meio da reflexão que ela propõe. A utilização adequada de suas ferramentas semeia o campo fértil da equanimidade e da tranquilidade – os alicerces sobre os quais podemos agir no mundo, desenvolvendo mais objetividade para o que desejamos em nossas
vidas. Com uma mente mais tranquila, aprendemos a apreciar as situações cotidianas sem as amarras dos condicionamentos subjetivos.

A interpretação de um fato ou acontecimento passa a ser feita com certo “distanciamento”, pois passamos a enxergar o mundo meramente como testemunhas e observadores. Assim, reduz-se o impacto que as adversidades
externas nos causam, e os conflitos internos são amenizados. Isso tudo nos
permite entender por que estamos mergulhados em determinada situação ou
emoção, entendendo a sua natureza e motivação.

Nesse momento acende--se aquela luzinha no fim do túnel das possibilidades...

A prática de Yoga não é o remédio mágico para todos os males, mas é libertadora,
pois nos deixa lúcidos e despertos, e passamos a olhar para as situações na forma como elas se apresentam. Somente assim podemos, a partir daí, tomar a decisão que for mais adequada para o momento presente.
Om shanti!

Pele lisa e macia - Como a alimentação ayurvédica pode melhorar sua pele



Por Thays Biasetti

Acne, oleosidade, ressecamento. Esses problemas de pele, geralmente, são causados por uma alimentação errada. Na medicina ocidental, acne, por exemplo, pode ser um excesso de gordura. Para o ayurveda, cada problema é causado pelo desequilíbrio de um ou dos cincos elementos (terra, água, fogo, ar e éter).

A terapeuta ayurvédica e diretora do Jaya Spa, em São Paulo, Andrea Alves, explica que cada indivíduo deve ser tratado de maneira diferente, pois o Ayurveda sempre tem uma visão holística, ou seja, vê o indivíduo como um todo. “A pele é um órgão que, como os outros, depende de um bom funcionamento celular. A alimentação sempre será a base para manter as células nutridas e livre de toxinas, o que, conseqüentemente, trará equilíbrio para a pele e para todo o corpo”, disse Andrea.

O clínico geral e presidente da Associação Brasileira de Ayurveda, Aderson Moreira da Rocha, da Clínica de Ayruveda, no Rio de Janeiro, afirmou que o mau funcionamento do aparelho digestivo é a causa de doenças. “Na medicina ocidental, os alimentos com diversos elementos nutritivos ganham mais espaço no cardápio que os de fácil digestão. No ayurveda, porém, essa relação é inversa: a digestão vem antes da nutrição, pois se acredita que para o organismo funcionar direito, é preciso ter um bom fogo digestivo. As alterações da pele vêm das toxinas geradas pela alimentação errada e uma má digestão”, disse Aderson.

As toxinas se acumulam no trato digestivo e extravasam os tecidos, especialmente a pele. E uma boa digestão ajuda a evitar o acúmulo destes elementos prejudiciais ao organismo. “Para eliminar as toxinas, o indivíduo deve ter fogo digestivo saudável, uma boa evacuação e uma alimentação adequada”, complementou Aderson.

Fatores que influenciam na pele
Na medicina ayurvédica, devem ser consideradas as características de cada um para se realizar um tratamento. Mas existem alguns alimentos que são tóxicos para todos para os três doshas, como os com baixo teor nutricional e fontes de muito açúcar refinado, sal e gordura hidrogenada (trans). “Os industrializados como biscoitos, salgadinhos e enlatados são as piores opções”, disse Andrea.

Além deles, os alimentos que bloqueiam o movimento ou a expansão da mente (conhecido como Tamas) não são indicados para manter a pele saudável. “O excesso de carne, fritura e bebida alcoólica é prejudicial”, falou Andrea. “Quando, por exemplo, percebemos espinhas no rosto, não associamos ao chocolate que se comeu algumas horas antes, mas a um organismo que de certa forma vem sendo desorganizado num processo longo. Outros fatores também influenciam o acúmulo de toxinas, como a respiração e o estresse”, completou a terapeuta.

Para se livrar dos problemas, é necessário fazer um tratamento de desintoxicação. “Quando alguém está com alterações na pele, é recomendado um tratamento para o desequilíbrio específico. Mas a melhor maneira de conseguir uma desintoxicação completa e melhorar o fogo digestivo é fazendo os panchakarmas”, afirmou o médico.

O ayurveda também utiliza outros elementos para tratar o ser humano, fazendo a manutenção da pele de dentro para fora e equilibrando os cinco elementos (terra, água, fogo, ar e éter). “Livrar as células de toxinas é sempre a base de nossa filosofia. Inclusive as massagens e os emplastros têm este objetivo. Outros tratamentos tópicos são complementares neste processo”, comentou Andrea.

Dr. Aderson também recomenda alguns óleos, sempre prestando atenção ao dosha dominante. “O ressecamento de pele é sintoma de vata. Para isso, deve-se usar óleo de gergelim. Para kapha, recomendamos o de mostarda, e, para Pitta, óleo de coco”, disse.

Alimentos específicos para cada dosha
Cada dosha deve prestar atenção a alguns tipos de alimentos para não gerar um desequilíbrio em algum elemento. O cardápio de cada pessoa é personalizado, feito de acordo com suas características. Para quem já sabe qual seu dosha, e gostaria de algumas dicas, Andrea faz algumas sugestões.

Para Vata, por ser frio, seco e leve, recomenda-se os carboidratos tipo cereais (arroz, aveia, trigo, quinua), oleaginosas (castanhas, gergelim, linhaça), frutas doces como abacate e banana e papaia, vegetais sempre cozidos al dente, laticínios e chás de erva-doce ou capim-limão. Deve-se optar também pelo consumo de leguminosas, tipo feijão azuki e lentinha vermelha. Recomendamos também evitar o consumo de vegetais crus, pois aumentam os gases, e frutas secas. O consumo de carne é pouco indicado para este dosha, mas se gostar, consuma carnes mais leves (brancas), e peixes gordurosos como salmão e atum fresco.

Para Pitta, por ser quente e oleoso, os alimentos benéficos são cereais, como arroz, trigo e cevada, e as frutas doces. Vegetais doces (batata, abobrinha, abóbora) e amargos cozidos (espinafre, chicória, aspargos), bem como sementes (girassol, coco, abóbora) são boas opções no cardápio. Leguminosas (feijões, lentilhas e soja) são muito recomendadas, bem como óleos de coco e girassol e leites de arroz e soja. Deve-se preferir o leite de cabra, diminuir o consumo de vegetais picantes (rabanete, pimentão), frutas ácidas, carnes escuras, oleaginosas (castanhas e gergelim) e pimentas (malagueta, raiz forte).

Para Kapha, pesado, frio e oleoso, recomenda-se as frutas adstringentes (maçã, damasco e pêra) e secas (uva, ameixa, damasco), vegetais picantes e amargos, cereais (aveia e cevada), sementes e leguminosas tipo feijão azuki e lentinha vermelha. Consumir com moderação laticínios, carboidratos, açúcares, oleaginosas (castanhas), carnes e principalmente sal, pois aumentam a letargia, produção de muco e retenção de líquidos.

Para saber mais
www.jayaspa.com.br
www.ayurveda.com.br