domingo, 27 de junho de 2010

Opostos que se atraem

Aumento da resistência física e condicionamento cardiovascular são alguns dos benefícios da corrida. Saiba mais e melhore sua prática

Por Patrícia Ribeiro

A princípio, as duas práticas parecem não ter quase nada em comum. O Yoga é voltado para introspecção e consciência corporal. Trabalha a concentração, a respiração, a flexibilidade, o equilíbrio e foca na permanência. Já a corrida aumenta a resistência física, a qualidade do sono, melhora a disposição e a tolerância ao estresse, o condicionamento físico e a capacidade cardiorrespiratória. Mas é justamente por causa das diferenças que elas podem ser complementares. Pelo menos é isso que os treinadores e praticantes de Yoga dizem.

A administradora de empresas Isabel Nasser faz aulas de Yoga há dois anos e queria um exercício cardiovascular para melhorar sua prática. “O Yoga exige permanência em algumas posturas complicadas, que pedem força e resistência. A corrida também exige preparo, resistência, força e concentração, e as atividades conjugadas são excelentes”, diz.

Tanto os corredores como os praticantes de Yoga também ganham muito aliando as duas práticas. “O treinamento em corrida requer um alto grau de concentração, principalmente quando realizado em ambientes. Assim, além de tornar o praticante de Yoga mais bem condicionado fisicamente — o que terá efeito direto na prática de asanas —, a corrida iniciará um treinamento em concentração”, complementa o educador físico e professor de Yoga da Universidade de São Paulo Danilo Forghieri.

A educadora física e corredora Fernanda Berlowitz sente os efeitos do Yoga nos treinos e no cotidiano. “Resolvi fazer Yoga para recuperar um pouco da minha paz interna”, diz ela, que corre há 22 anos e pratica Yoga desde 2003. Para ela, o Yoga também a ajudou a perceber os limites e a lidar com as tensões. Além de proporcionar alongamento e fortalecimento muscular, o Yoga ensina o praticante a cultivar consciência corporal e autoconfiança. “Essa questão é particularmente importante para o corredor, já que o organismo produz muita endorfina, substância que atenua a sensibilidade à dor e provoca a sensação de bem-estar”, ressalta a professora de Yoga e treinadora de corrida Tamara Vieira, do Satya Mandir, de São Paulo.

Devagar e sempre

Para quem nunca correu, a ideia mais recorrente é que correr é para atletas e pessoas comuns não têm fôlego para ir além dos primeiros 500 metros. O segredo para qualquer atividade é começar devagar e continuamente. udo que é radical tende a não ser levado adiante. Por isso devemos começar alternando caminhada e corrida. O aumento deve ser gradual em quilometragem e intensidade para que o organismo se acostume com todas as mudanças. Paciência e disciplina são fundamentais”, explica Tamara. O ideal é procurar um professor de educação física ou uma assessoria esportiva que possa orientá-lo corretamente. Danilo lembra que, em qualquer idade, é aconselhável a realização de um teste ergométrico, com um eletrocardiograma de repouso e durante o exercício.

A corrida já foi comparada com um tipo de meditação em movimento e muitos corredores dizem que atingem um estado meditativo. “Os corredores referem-se a ‘estar na zona’. Nesse estado, a mente chega num ponto de ondas alfa que frequentemente estão presentes na meditação. Na corrida, utiliza-se esse estado mental meditativo para ir mais além e para tirar o foco das dores e desconfortos. Então, repetir frases mentalmente que motivem, que ajudem a se concentrar é importante durante a corrida”, explica Tamara. De opinião diferente, o professor Danilo acredita que não existe uma meditação em movimento. “O que podemos dizer é que a corrida é um tipo de concentração em movimento.”

Os membros inferiores e o quadril são muito solicitados na corrida e há asanas que trabalham as necessidades específicas dos corredores. A professora Tamara indica adho mukha svanasana (postura do cachorro olhando para baixo), uttanasana (postura do alongamento intenso para a frente) , virabhadrasana III (postura do guerreiro), gomukhasana (postura da cabeça da vaca), badha konasana (postura entrelaçada do ângulo) navasana (postura do barco), complementados por saudações ao sol.

Os exercícios respiratórios do Yoga também são muito úteis, mas não devem ser feitos durante a corrida. “Fazer pranayamas regularmente treina a musculatura inspiratória, o que pode auxiliar o corredor no momento em que precisa movimentar mais sua caixa torácica para obter o aumento do volume inspirado requerido pela corrida”, completa Danilo.

Freqüência Cardíaca Máxima

Para saber qual é a sua freqüência máxima (FC Max), faça a conta 220 – sua idade para homens e 230 – idade para mulheres. O resultado é a quantidade batimentos cardíacos por minuto. Quando caminhar ou correr e quiser medir seus batimentos cardíacos, pegue o pulso ou a jugular e conte durante 10 segundos e multiplique o número de batimentos por 6. O resultado varia conforme a idade e o sexo do indíviduo.

Matéria retirada da PYJ. Edição 27. Abril de 2009.

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